Caxias do Sul

Cápsula do tempo enterrada desde 1922 é encontrada no 3º GAAAe, em Caxias

Cápsula do tempo enterrada desde 1922 é encontrada no 3º GAAAe, em Caxias

O resgate histórico dos 100 anos da presença do exército em Caxias do Sul revelou uma curiosa história escondida na pedra fundamental do quartel que hoje abriga o 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe) em Caxias do Sul. Durante o levantamento de informações, o responsável pelo trabalho, Cabo Glauber Dal Paz, encontrou evidências de que uma cápsula do tempo havia sido enterrada no local no ano de 1922.

A suspeita foi compartilhada com o Capitão Felipe de Freitas Faulstisch e os dois iniciaram a busca pelos documentos históricos. O resgate foi realizado na última quinta-feira, dia 12. “A gente verificou e realmente existia um local onde batemos a mão e era oco. Isso despertou nossa curiosidade e levamos essa situação ao comando do 3º Gaae e o comandante deu a ordem para que fosse aberto e a gente pudesse verificar a existência desse material”, conta o Capitão.

(Cabo Dal Paz (esquerda) e Capitão Faustisch (direita) no dia da abertura da cápsula do tempo (Foto: Sargento Mauro/Divulgação)

Dentro da urna de metal, havia uma ata da reunião que marcou o início das obras do quartel. A cerimônia contou com a presença de grandes autoridades da época, como o Ministro da Guerra, Pandiá Calógeras, do Marechal Cândido Rondon, e do intendente municipal e primeiro presidente do Tiro de Guerra 248, a primeira entidade do exército em Caxias, Coronel Pena de Moraes.

Além da ata, a cápsula do tempo continha um exemplar do jornal caxiense “O Brasil” e do jornal estadual “A Federação”, que noticiavam a vinda das autoridades para Caxias. Para o Cabo Dal Paz, a intenção era confirmar a veracidade do acontecimento. “O jornal serve como uma foram de comprovar que realmente as autoridades estiveram lá”, explica.

Dentro da caixa, também foram localizadas a quatro moedas de réis e um relatório da Construtora Santos, responsável por realizar a obra. O documento, apesar de bastante deteriorado, traz informações sobre os custos da obra.

A documentação agora deve ser restaurada em uma parceria do 3º GAAAe com a Universidade de Caxias do Sul. Após a restauração, os documentos devem ficar expostos na Sala Coronel Arcy da Rocha Nóbrega, que guarda a memória do exército em Caxias.

(Foto: Ricardo de Souza/Grupo RSCOM)

Nova Cápsula pode ser enterrada

A descoberta da documentação pode motivar a colocação de uma nova cápsula do tempo no 3º GAAAE. A ideia é a ainda incipiente, mas pode ganhar força caso autoridades reconheçam a importância do momento e venham fazer parte da cerimônia. Segundo o Capitão Faulstich, o objetivo é enterrar documentos que retratem a nossa época. “Pensamos em colocar fotos, jornais e talvez um pendrive, algo que possa marcar o momento que vivemos hoje”, afirma.

Curiosidade

Aficionado pelo resgate dos fatos e formado em História pela Universidade de Caxias do Sul, o Cabo Dal Paz ainda encontrou outras curiosidades ao trabalhar na história dos 100 anos do exército em Caxias do Sul. Uma delas é que, em três momentos importantes da atividade militar em Caxias, o Comandante tinha o sobrenome Moraes. Em 1918, o primeiro diretor do Tiro de Guerra 248 era o Coronel José Pena de MORAES. Em 1973, o primeiro comandante do agora denominado do 3º GAAAe, era o Coronel Gilberto Moraes Lima e agora, no ano em que o Exército completa 100 anos em Caxias do Sul, o comandante é o Tenente-Coronel Leandro Fernandes Moraes. “É uma coincidência histórica surpreendente”, diz Dal Paz, que deve lançar um livro contando a história dos 100 anos do Exército em Caxias do Sul no ano que vem.