Comportamento

Capitania fluvial suspende serviço provisório de travessia do Rio Taquari, em Santa Bárbara

Por normas de segurança, órgão de controle marítimo interrompeu iniciativa de morador da região. Nova balsa está em fase final de construção e tem estimativa de entrar em operação até o fim do mês

Foto: Redes Sociais
Foto: Redes Sociais
Atualizada às 14h40 de 24.07.24

A travessia do Rio Taquari, entre Santa Tereza e São Valentim do Sul, por meio de uma balsa que funcionava na localidade de Santa Bárbara, está interrompida desde o dia 2 de maio. Isso porque a embarcação foi levada pela correnteza, durante um temporal. Ela se desprendeu do atracadouro, foi arrastada pela cheia, passou pelos municípios de Muçum, Roca Sales, Encantado e Arroio do Meio até colidir com a ponte da BR-386, entre Lajeado e Estrela.

Dois meses depois, no início de julho, a empresa Lacel Soluções em Serviços começou montar uma nova balsa, contratada pelo governo do Estado. O trabalho está em fase de conclusão e a previsão é de que a nova balsa comece a funcionar até o final do mês.

Iniciativa voluntária – Com a finalidade de colaborar com a população dos dois municípios, nos últimos dias um morador da região se disponibilizou em realizar a travessia, com uma minibalsa. O trabalho, considerado abnegado pela comunidade, proporcionou a passagem de veículos e moradores das localidades próximas, que tiveram no serviço, a única forma de se deslocar entre as duas cidades.

Normas marítimas – Entretanto, a iniciativa foi interrompida nesta terça-feira (23) após uma vistoria da Capitania Fluvial de Porto Alegre. Em nota (confira abaixo), a Assessoria de Comunicação Social do órgão informou que, apesar de travessias do tipo serem uma prática comum, “envolve riscos significativos, que necessitam de atenção e precauções adequadas para garantir a segurança de todos os envolvidos”.

O órgão reitera que o serviço deve seguir as Normas da Autoridade Marítima (Norman) com relação à segurança relativa a riscos gerados pelas condições do clima, sobrecarga de passageiros e de carga e disponibilidade de equipamentos de segurança, como coletes salva-vidas e extintores de incêndio, por exemplo.

O posicionamento da Capitania Fluvial repercutiu de forma negativa na comunidade, que se sentiu prejudicada pela falta de alternativa para a travessia. Em grupos de aplicativos de conversa foram registradas diversas mensagens de protesto. “Por que a Marinha não aproveita já faz vistoria da balsa [em construção]? Mas não, perturba quem ajuda”; “Tava demorando pra vir alguém e proibir única maneira de poder atravessar”, e “Antes dessa tragédia [enchentes no RS e as perdas da ponte e da balsa] a Marinha nem sabia que existia Santa Bárbara”.

Nova alternativa – Enquanto a nova balsa não começa a operar, os moradores da região sugeriram alternativas. Uma delas é a utilização do rebocador (que puxava a balsa destruída pela enchente) para a travessia de pessoas.

Por meio de nota, a assessoria da Capitania informou que, conforme previsto nas Normas da Autoridade Marítima para embarcações empregadas na navegação interior (Normam), as embarcações são classificadas quanto ao tipo de navegação, à atividade ou serviço em que serão empregadas, sua propulsão e ao tipo. “Então, um rebocador, classificado para atividade de reboque, está autorizado a realizar este serviço. Caso opte por realizar transporte de passageiros, deve solicitar a alteração de sua atividade fim, de forma que sejam verificados os requisitos de segurança para atender a esse serviço específico”, explica o document.

Confira a nota da Capitania Fluvial sobre a suspensão da mini balsa:

“A travessia em embarcações entre cidades é uma prática comum, porém, envolve riscos significativos que necessitam de atenção e precauções adequadas para garantir a segurança de todos os envolvidos. Concomitante a isso, baseado nas Normas da Autoridade Marítima (NORMAM), aproveitamos para esclarecer e passar algumas orientações importantes para os tripulantes e passageiros que realizam essas travessias:

Os principais riscos associados a esse tipo de travessia incluem condições meteorológicas adversas, como tempestades e nevoeiros densos, que podem comprometer a visibilidade e a navegação segura. Além disso, a sobrecarga de passageiros e de carga pode afetar a estabilidade da embarcação, aumentando o risco de naufrágio. A falta de manutenção adequada e de equipamentos de segurança, como coletes salva-vidas e extintores de incêndio, também representa um perigo significativo. Outro risco é a falta de habilitação do condutor, que pode resultar em manobras inadequadas e acidentes.

É importante destacar que todas as embarcações devem estar devidamente inscritas na Capitania dos Portos, além de cumprir as demais exigências, de acordo com suas características, previstas nas NORMAM. E, ainda, a segurança dos passageiros depende da manutenção regular da embarcação e do uso de equipamentos de segurança adequados.

Ademais, o condutor da embarcação deve possuir a habilitação adequada, conforme exigido pelas Normas da Autoridade Marítima, e ter noções básicas de primeiros socorros para atuar em casos de emergência. Também é importante ter meios de comunicação eficientes, como rádios VHF, para emergências e comunicação com as autoridades competentes. Informar a Capitania dos Portos sobre a travessia, especialmente em casos de travessias longas ou com condições adversas, é uma prática recomendada.

Cabe relatar, ainda, que a responsabilidade e a prudência são essenciais para uma navegação segura e as normas e regulamentos estabelecidos pela Autoridade Marítima devem ser cumpridas para garantir a segurança de todos.

Essas orientações são fundamentais para a segurança nas travessias fluviais”

Confira as imagens: