A Reportagem do Portal Leouve recebeu, nas últimas semanas, diversos relatos sobre brigas ocorridas em escolas de Caxias do Sul. Pelos relatos de alguns familiares de adolescentes, pessoas desconhecidas e supostamente alunos, criaram perfis para atacar, ofender colegas e professores e ainda, realizam postagens de ameaças contra outros adolescentes, além de marcações para brigas. Esses casos seguem em investigação e acompanhamento dos órgãos de segurança responsáveis.
Caso mais recente
Um adolescente, estudante de uma escola no bairro Presidente Vargas, em registro relatou ter sido agredido por um aluno da mesma escola. Conforme ele, circulou falsas informações em um perfil de que ele estaria “se esfregando” em algumas meninas. Após terem sido expostas essas mensagens, o suposto agressor partiu para cima do jovem, efetuando diversos chutes em suas costas, deixando marcas pelo corpo. Além disso, o menino relatou que o mesmo aluno lhe persegue desde que começou a estudar na instituição.
Casos em que o Conselho Tutelar atua
O relato do conselheiro tutelar e atual coordenador na Macrorregião Norte, Maurício Abel, destaca que em escolas que há problemas relacionados a brigas entre alunos e outras situações são acompanhados pelas direções, que avaliam os casos e contatam sua mantenedora: se for municipal, Secretaria Municipal de Educação (SMED) ou também, equipes da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes e Violência na Escola (Cipave). O Cipave tem uma atuação com as escolas onde envolve as redes sociais, como crimes cibernéticos, produzindo material pedagógico e preventivo para alunos e professores.
Mas quando o Conselho Tutelar atua em casos de violência entre alunos? O conselheiro relata que, em casos que não houve resolução de conflitos após tentativas entre direção e pais na escola, o conselho atua com o objetivo de encaminhamento para uma equipe especializada em entender o que esse adolescente ou criança necessita. “Quando se esgotou as possibilidades de intervenção da escola, da mantenedora, e essa escola entende que esse aluno precisa ser acompanhado na rede pública ou para uma equipe de saúde, nas questões de saúde mental e ter acompanhamento com profissionais da área, (e os pais forem omissos) ai sim, a atribuição do Conselho é aplicar essas medidas e fazer os devidos encaminhamentos”.ai sim, a atribuição do Conselho é aplicar essas medidas e fazer os devidos encaminhamentos”.
A escola então realiza uma ficha de notificação ao Conselho Tutelar nos assuntos em que não são possíveis ser sanados na instituição de ensino e que são entendidos como violação dos direitos da criança e adolescente.
Em casos onde talvez, haja certa omissão por parte de alguma instituição, a devida mantenedora pode ser contatada pelos pais.
Acompanhamento da Patrulha Escolar
Conforme o 1º Tenente responsável pela Patrulha Escolar em Caxias do Sul, Alex Martins Couto, o trabalho do órgão de segurança nas escolas tem acompanhado os casos e alerta os alunos quanto a incitação de violência. Conforme ele, na maioria dos casos, os estudantes marcam rixas pelos perfis das redes sociais em locais fora da escola, sendo difícil de identificar os principais mandantes dos atos. “E na maioria das vezes, são adolescentes, que se dizem ser de facções mas na realidade não são. Talvez, por uma auto afirmação de “amedrontar o oponente”. E é isso que tem ocorrido, tem chegado para nós e temos orientado os pais a fazerem o registro. Informamos, também, o Conselho Tutelar por envolver menores de idade”.
Sobre os quadros de brigas registrados meses atrás na Estação Principal de Integração Imigrante (EPI), Couto ressalta que pode haver ligação com as marcações pelos perfis sociais. “Como eles marcam lugares aleatórios, um desses locais escolhido foi a EPI”.
Até o fechamento desta matéria (quinta-feira (27), às 12h15), mais um caso de violência na EPI Imigrante envolvendo jovens.
Confira as matérias:
Briga entre adolescentes é registrada na EPI Imigrante de Caxias do Sul
Briga generalizada envolvendo adolescentes é registrada na EPI Imigrante em Caxias do Sul
Ações atuais
Para conscientizar os estudantes nas escolas e esclarecer dúvidas sobre o assunto violência, a Patrulha Escolar tem realizado diversas ações, como explica o Tenente Couto. “Temos realizado palestras com alunos, professores e direção das escolas, com os pais, fazemos visitas na comunidade escolar e abordagens no perímetro que compreende a escola”.
O tenente orientou que, em casos de agressões ou perseguições aos adolescentes, os pais podem procurar a Patrulha Escolar para avaliar a situação e, posteriormente, se houver a necessidade, a presença do Conselho Tutelar é solicitada. Quem requisita a presença e até mesmo as ações da Patrulha Escolar nas escolas é a direção. “Porém, os pais também podem se envolver, trocando alguma ideia com a direção e fazer essa solicitação. Estamos aqui para tentar resolver esses problemas.”
Caso ocorrido em Vacaria
A Delegacia de Proteção a Grupos de Vulneráveis-DPGV Vacaria (que substituiu a Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente), concluiu investigações de crimes cibernéticos, no caso, “atos infracionais”, visto que as conclusões apontaram duas adolescentes, de 14 e 15 anos.
As condutas eram injúrias e difamações a diversos membros de comunidade escolar de determinada escola pública municipal. Através de perfis falsos do Instagram, eram postadas fotos de alunos, professores e pais de alunos, contendo comentários ofensivos como : “ridículas”, “macacas”, contendo também ameaças “vamo pegá”, etc.
A investigação realizada pela DPGV conseguiu obter com o Meta Plataforms os perfis anônimos da rede social Instagram, conseguindo identificar os telefones celulares e os IPs vinculados aos perfis falsos, constatando que pertenciam as duas alunas.
Os procedimentos estão sendo remetidos pela Delegacia ao Ministério Público, Promotoria da Infância e da Juventude, para os devidos fins.