Durante décadas assistimos de perto crescimentos exponenciais, os quais, nos dão a ótica que estamos em direção ao progresso. Porém, como se repete em vários ciclos econômicos, são voos de galinha e sempre regredimos em um curto período de tempo. Ou melhor, nunca chegamos ao ponto de termos um crescimento consistente e previsível. O diagnóstico é claro e evidencia que as reformas estruturais são fundamentais para sairmos desse arcabouço de crescimentos fictícios e inconstantes.
Porém, sabemos que primeiramente necessita-se de apoio político e planos que apresentam de forma detalhada os impactos e diretrizes das reformas a serem tomadas. Então que surge, o primeiro problema a ser enfrentado, a coalizão política que recentemente tem transparecido um grau elevado de desconhecimento dos problemas a serem atacados, muito pelo fato da impopularidade das medidas e por atingirem classes privilegiadas.
As reformas encampadas pelo governo Bolsonaro, ou melhor, pelo Ministro da Economia Paulo Guedes, obtiveram um diagnóstico claro dos problemas a serem enfrentados, e a partir disso, promulgados discursos enfáticos que as reformas devem ser feitas. Porém, não é isso que estamos vendo, uma certa demora no encaminhamento para discussão das reformas, entre as principais Administrativa, Tributária e Privatizações é evidente.
Para termos um parâmetro inicial, a Reforma Administrativa que no meu ver tem um papel fundamental na transformação do estado, apresenta uma das maiores transferências de renda do Brasil. Por exemplo, um juiz no Brasil ganha em média um salário de R$ 30.000,00 mês, porém tem vários outros auxílios e vantagens, com essa renda estão entre o 1% mais rico do Brasil. A média salarial do judiciário brasileiro é de R$ 43.000, onde o gasto total em proporção ao PIB é de 1,5% e tendo em média 8,2 juízes para cada 100 mil habitantes. Para fins de comparação, a Alemanha, tem 27 juízes cada 100 mil habitantes com média salarial de R$ 16.000 e os gastos totais com o judiciário representam 0,13% PIB. Outro dado muito importante é de que cada 10 funcionários públicos, 6 estão nos municípios, ou seja, a tal da política do “cargo” reflete-se nisso e causa um desastre a longo prazo. Uma das medidas propostas pelo governo é uma análise do impacto fiscal de cada contratação obtida pelas gestões públicas, trasando assim um cenário claro.
A Reforma Tributária, tem uma visão clara de que é muito complicado calcular impostos no Brasil, leva-se em torno de 1500 horas para pagar a totalidade de impostos cobrados em território nacional, ou seja, um completo absurdo. O economista Bernard Appy, tem apresentado uma reforma que visa criar um IVA (Imposto sobre Valor Agregado), o qual, pretende unificar impostos e simplificar o sistema, tributando o consumo e diminuindo a cobrança em cascata.
No quesito Privatizações, sabemos que esse ponto mexe com muitas classes bem organizadas e que tem poder político forte dentro do congresso, porém, sabemos que não é papel do estado ser banco, gerador de energia ou extrator de petróleo. O papel do estado e fazer bem suas atribuições básicas: educação, saúde, segurança e infraestrutura. Que não são efetuadas com responsabilidade.
Os problemas são evidentes, devemos sim como sociedade civil buscar alternativas junto as autoridades públicas e incentivar essas reformas, nunca precisamos tanto do ímpeto reformista como nos tempos de hoje, estamos atrasados correndo atrás do tempo perdido e isso não cabe só ao governo federal, mas também aos estados e municípios. O Brasil é tomado por organizações em busca de privilégios perante as classes menos favorecidas, porém esses mal sabem que estão fazendo um desserviço ao povo, tornando o caminho da produtividade, crescimento e riqueza mais longo e árduo.