O roubo de veículo seguido de um pedido de resgate para devolver o carro vem se tornando um dos crimes que mais tem sido registrados na Delegacia de Polícia Civil em Caxias do Sul. Em média, um caso por dia chega ao conhecimento das autoridades. Em outras situações, as vítimas preferem não envolver a polícia e fazem a negociação diretamente com os bandidos.
Em alguns casos, o pedido de resgate é pago, mas o veículo não é devolvido ao verdadeiro dono. Em outros, o pedido de resgate chega a passar por até três intermediadores nas negociações, como foi o caso de um casal que teve o seu veículo VW/Saveiro roubado na manhã desta terça-feira, dia 12, por volta das 8h, enquanto circulava nas imediações do bairro Kayser, em Caxias do Sul. Conforme informações, as vítimas estavam se deslocando ao trabalho quando foram surpreendidas pelos assaltantes.
O crime aconteceu no momento em que dois rapazes em uma motocicleta estacionam ao lado do carro e abordam o casal. O homem que estava na garupa da moto, armado, desce anunciando o assalto. Sem reação, a vítima entrega os pertences e os homens fogem levando o veículo do casal em direção ao centro da cidade.
Seria mais um caso de roubo se a situação terminasse por ai. Cerca de três horas depois de ser assaltada, a vítima recebe uma ligação telefônica do suposto criminoso, que dizia estar com o veículo. No primeiro contato, o criminoso ofende a vítima e, ao perceber que estava falando com uma mulher, diminui o tom de voz, e a partir daí inicia a negociação. Desconfiada, a vítima pede para enviar fotos, que ela recebe minutos depois através de um aplicativo móvel de mensagens instantâneas. Na mesma conversa, o primeiro suposto criminoso exige a quantia de R$ 10 mil para devolução da Saveiro. “Eu não tenho esse dinheiro”, garante a vítima, encerrando o primeiro contato.
Alguns minutos depois, percebendo que não houve retorno por parte do indivíduo, a mulher envia uma mensagem SMS com o intuito de retomar a negociação. Neste momento, um segundo indivíduo entra em contato e exige, além de uma quantia menor em dinheiro, um intermediário, que residisse em um determinado bairro da cidade, para retomar a negociação. A vítima acata parcialmente o pedido do rapaz mas, mesmo assim, não houve diálogo.
“Eu não tenho esse dinheiro”, afirma novamente a vítima, bloqueando o contato mais tarde.
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Em determinado ponto da conversa, um dos bandidos diz que a vítima teria dado “sorte” em tê-lo como intermediário. “Mina. Tu deu sorte de eu ter ido em ti pra devolve (sic). Pq era encomenda minha, mas não era esse modelo aí tive que ficar na obriga com essa camionete”, confessa.
Ao receber um “não” como resposta, o criminoso tentou assustar a vítima, dizendo que “trabalha” no ramo há muitos anos e que, se ela não quisesse negociar o carro, ele poderia ser destruído. “Faço isso a mais de 15 anos, tá ligado? Monto carro e desmonto a toda hora. Pra mim é só mais um pra passar o machado”, ameaça.
Nos últimos contatos entre a vítima e os supostos criminosos, as tratativas em dinheiro passaram por vários valores, e no fim, giravam em torno de R$ 3.5 mil para a recuperação do veículo, que ainda segue em poder dos bandidos.
A Polícia Civil orienta as pessoas que passarem por esse tipo de crime em não negociar com os assaltantes, para evitar passar por uma situação incômoda como esta. O ideal é procurar apoio em uma delegacia de plantão. Até o momento, ninguém foi detido, e o crime está sendo investigado.
Reportagem: Luís Gustavo Damo
