A chegada do Covid-19 no país fez com que a quarentena e o distanciamento social fossem adotados. Em um primeiro momento, grande parte das cidades do território nacional realizaram o fechamento de comércios não essenciais, na tentativa de conter a disseminação do vírus.
No final de março, o Ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, decidiu dar o poder de decisão de como gerir a crise para os governos estaduais. O Rio Grande do Sul, governado por Eduardo Leite, instaurou o sistema de bandeiras. A cor amarela significa que o local tem baixo índice de contaminação, depois a laranja representa situação mediana, vermelha de alto risco e preta para altíssimo. Este esquema divide o estado em 20 regiões a partir da cidade mais populosa, e pode ser modificado conforme as situações se alteram.
A região de Serra teve negócios que fecharam por mais de um mês. Logo, com a classificação como localidade de bandeira laranja, as cidades puderam permitir a reabertura da maioria dos setores com a adoção dos protocolos de segurança impostos pelo governo estadual.
O período de portas fechadas representou quedas abruptas nas receitas dos empreendimentos. Júnior Figueiredo, proprietário de uma rede de academias, em Farroupilha, afirma que seus ginásios ficaram 45 dias de portas fechadas e isso fez com que o faturamento despencasse e a inadimplência subisse.
“Tivemos uma redução de 50% do quadro de funcionários, tanto de professores já graduados como de estagiários. Infelizmente não tivemos o que fazer, tivemos de cortar gastos, negociar contas para poder nos mantermos”, disse.
Roque Deconto, proprietário de uma loja e oficina de bicicletas, na Rua Coronel Pena de Moraes, em Farroupilha, teve de encerrar as atividades por uma semana. O curto período não impediu de ter decréscimo de 60% na procura pelos serviços prestados.
“Logo que reabrimos o pessoal ainda estava meio receoso, mas aos poucos foi voltando ao normal (…), mas ainda sim, no começo da pandemia éramos em quatro pessoas e tivemos de demitir um funcionário”, destacou
Pouco mais de um mês depois da reabertura, empreendimentos na Serra podem ter que fechar novamente, conforme decreto do governo estadual. A região de Caxias do Sul foi movida para a bandeira vermelha, no último sábado (13), em virtude do crescimento de casos de Covid-19.
Esta decisão faz com que lojas tenham de encerrar atividades por, no mínimo, duas semanas. Os gestores das cidades serranas ainda tentam reverter a decisão estadual.
Figueiredo crê que a decisão de classificar a região como bandeira vermelha deveria ter sido avisada com alguma antecedência para que os comerciantes se preparassem.
“Aqui na academia tem uma loja de suplementos. Na sexta-feira eu fiz uma compra para que novos produtos chegassem hoje, mas se eu soubesse que haveria esta mudança, não teria feito a compra, não teria aumentado o estoque se não vou poder vender” destacou.
Ele continuou dizendo que “essa parte de fechar os estabelecimentos deveria ter sido melhor estudada, para saber quais municípios estão tendo aumento dos casos. Aqui em Farroupilha não é o caso, não deveria fechar assim”.
Cleusa Boschetti, dona de um salão de beleza, situado na Rua Independência, em um primeiro momento teve de fechar o negócio por 25 dias e agora teme por uma nova parada.
“Para o salão foi horrível, diminuiu 40% o movimento pois fazíamos cabelos e maquiagens para festas e outros eventos sociais, agora que não há eventos, não há clientes, além de que tínhamos clientes de grupo de risco. O faturamento tem sido menor”.
Farroupilha, atualmente não tem pessoas internadas em leitos comuns e apenas uma pessoa na UTI por Covid-19, inaugura nesta terça-feira (16), cinco novos leitos de unidades de tratamento intensivo. O município já não registra óbito em decorrência do vírus há 39 dias. Levando estas informações em conta, entidades locais enviaram um ofício para o governo estadual, pedindo que a decisão de mover a cidade para bandeira vermelha seja revisada.