O desempenho das ações do Banco do Brasil nesta terça-feira (14) é a resposta do mercado para os resultados do quarto trimestre de 2022.
Em dia de baixa para o Ibovespa, a estatal liderava as altas do índice, subindo 4,06% por volta das 15h40, negociada a R$ 42,25.
A companhia reportou lucro líquido ajustado de R$ 9 bilhões nos últimos três meses do ano passado. Mesmo com o provisionamento de 50% da exposição a um “evento subsequente”, o qual analistas avaliam ser o caso Americanas (AMER3), o Banco do Brasil conseguiu superar as projeções do consenso.
Os resultados fizeram o JPMorgan elevar a recomendação do Banco do Brasil para “overweight” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”), o que dá mais gás às ações da empresa hoje.
Em relatório publicado na noite desta segunda, analistas destacaram que, em linhas gerais, o Banco do Brasil reportou os maiores lucro e ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) do setor bancário.
Na avaliação do JPMorgan, a grande surpresa veio pela força apresentada na primeira linha do balanço, com NII (receita líquida de juros) total subindo 45% no comparativo anual, bem acima dos pares e superando as projeções da instituição em 8%.
A carteira de crédito ampliada da companhia superou R$ 1 trilhão em dezembro de 2022, alta anual de 14,8% e trimestral de 3,7%.
Enquanto isso, as receitas de prestação de serviços totalizaram R$ 32,3 bilhões em 2022, avanço de 10,2% no comparativo anual. O desempenho é explicado principalmente pela performance nas linhas de administração de fundos, com avanço de 11,8%; seguros previdência e capitalização (+14,6%); e operações de crédito e garantia, que subiram quase 30%.
Em relatório, o JPMorgan destacou ainda a melhora na qualidade de ativos, embora as provisões tenham vindo pressionadas, o que pode ser explicado pelo “evento subsequente” que levou a um provisionamento de R$ 788 milhões.
Guidance
O dado mais importante, avalia o JPMorgan, foi o guidance divulgado sob a nova administração. Um ponto destacado pelos analistas, também comunicado pela administração, é que os 50% de exposição ao “evento subsequente” que faltam ser provisionados já estão contemplados nas projeções para 2023.
Para o primeiro ano do governo Lula 3, a estatal espera atingir lucro líquido ajustado entre R$ 33-37 bilhões, acima do guidance de 2022, de R$ 26 bilhões.
O Banco do Brasil espera ainda uma alta de até 12% na carteira de crédito e uma variação de margem financeira bruta entre 17-21%.
De provisionamento, a estimativa da companhia está dentro da faixa -R$ 23 bilhões e -R$ 19 bilhões.
Com a divulgação do novo guidance, o JPMorgan aumentou as estimativas de lucro para 2023 em aproximadamente 15%. O custo de capital esperado caiu cerca de 100 pontos-base.
Valuation atrativo
O JPMorgan levantou alguns fatores que tornam a tese do Banco do Brasil atrativo. O primeiro é o valuation descontado em relação aos pares, com a ação negociada a mais ou menos 3 vezes P/L (preço sobre lucro), o que implica um dividend yield de mais de 10%.
Analistas também citam a carteira de crédito defensiva da estatal, com cerca de 65% do portfólio expostos ao agronegócio e a empréstimos comerciais, segmentos que têm mostrado resiliência em meio à deterioração do cenário macro atual no Brasil.
“Mais do que isso, o banco melhorou sua rentabilidade nos últimos anos, entregando agora ROEs em linha ou até mesmo acima dos pares privados devido a bons resultados em treasury e provisões menores que os pares”, reforça o time de análise do JPMorgan.
A instituição tem preço-alvo de R$ 56 para a ação do Banco do Brasil, o que implica um potencial de valorização de 38% sobre a cotação atual.
Fonte: Money Times