A doença meningite está preocupando a população caxiense. Duas escolas da educação infantil de Caxias do Sul apresentaram surtos nos últimos dias, foram registrados seis casos. Dessas crianças, quatro chegaram a ser hospitalizadas em quadro estável. Uma delas ainda está tendo acompanhamento médico, no hospital. Outros casos estão em monitoramento.
O que é meningite?
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por bactérias, vírus, fungos e protozoários, bem como por traumatismos. No Brasil, ela é considerada uma doença endêmica. Segundo o Ministério da Saúde, casos são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais.
Surtos em escolinhas de Caxias do Sul
A meningite que está circulando pelas escolinhas ainda não teve um agente causador definido. De acordo com a infectologista da SMS e integrante do controle de infecção municipal, Anelise Kirsch, a doença é causada provavelmente por um vírus, por isso ela tem um impacto mais brando nas crianças. Porém, há a meningite bacteriana que ataca mais severamente, podendo levar a sequelas e a óbito.
Neste segundo caso, da meningite bacteriana, já há vacinas e meios de prevenção estabelecidos. Este crescente número de casos está sendo relacionado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a baixa cobertura vacinal. Anelise destaca que a imunização das crianças, adolescentes, adultos (principalmente profissionais da saúde) é importante para controlar essa situação.
Ela explica que quando uma pessoa se imuniza e segue a risca o calendário de vacinação ela se imuniza e auxilia no controle do patógeno na comunidade. Para que seja feito esse controle precisa-se de 90% da população vacinada, contudo, neste momento, Caxias do Sul atingiu apenas 50% do público alvo, o que preocupa.
Coberturas vacinais em Caxias do Sul
BCG
- 2018: 110,68%
- 2019: 94,23%
- 2020: 103,72%
- 2021: 83,79%
- 2022 (parcial): 52,07%
Penta
- 2018: 91,79%
- 2019: 79,29%
- 2020: 109,93%
- 2021: 87,94%
- 2022 (parcial): 48,32%
Pneumocócica 10-valente (Pneumo 10)
- 2018: 83,92%
- 2019: 99,67%
- 2020: 67,60%
- 2021: 67,20%
- 2022 (parcial): 41,39%
Meningocócica C
- 2018: 74%
- 2019: 126,75%
- 2020: 95,17%
- 2021: 84,08%
- 2022 (parcial): 49,16%
Vacinas do calendário de rotina
BCG
- Protege contra as formas graves da tuberculose, inclusive a meningite tuberculosa
- Esquema vacinal: dose única (ao nascer)
Penta
- Protege contra doenças invasivas como meningite, difteria, tétano, coqueluche e hepatite B
- Esquema vacinal: 1ª dose aos 2 meses de idade, 2ª dose aos 4 meses de idade e 3ª dose aos 6 meses de idade
Pneumocócica 10-valente (Pneumo 10)
- Esquema vacinal: 1ª dose aos 2 meses de idade; 2ª dose aos 4 meses de idade e reforço aos 12 meses de idade
Meningocócica C
- Esquema vacinal: 1ª dose aos 3 meses de idade; 2ª dose aos 5 meses de idade e reforço aos 12 meses de idade. Também está disponibilizada, até fevereiro de 2023, para crianças até 10 anos de idade não vacinadas e para trabalhadores da saúde
Meningocócica ACWY (Conjugada)
- Protege contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A, C, W e Y
- Esquema vacinal: uma dose em adolescentes de 11 e 12 anos de idade, a depender a situação vacinal. Até junho de 2023 adolescentes de 13 e 14 anos de idade também poderão se vacinar
Sintomas da doença
As meningites provocadas por vírus costumam ser mais leves e os sintomas se parecem com os das gripes e resfriados. A doença ocorre, principalmente, entre as crianças, que têm febre, dor de cabeça, dor na barriga, um pouco de rigidez da nuca, falta de apetite e irritação. As vezes ocorre após outra doença viral, como diarreia ou gripe. Já as meningites bacterianas são mais graves e têm como sintomas febre alta, irritabilidade ou apatia, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo.
Apelo
A SMS reforça a importância da imunização, especialmente em função do aumento de casos de meningite imunoprevenível pelas vacinas. Além dos seis casos em escolinhas que aguardam definição da causa, há sete casos de meningite imunoprevenível registrados em 2022, três em 2021 e dois em 2020. Em 2018 e em 2019 ocorreram cinco casos em cada ano e, em 2017 e 2016, três em cada ano.
Em função das baixas coberturas em todo o país, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) ampliou temporariamente o público-alvo de duas das vacinas que protegem contra meningite.
Assim, a vacina meningocócica C deve ser aplicada em crianças de até 10 anos de idade que não foram vacinadas anteriormente. A faixa etária habitual para essa vacina é para crianças de até um ano, que recebem duas doses (aos três e cinco meses de idade) e também um reforço, com um ano de idade. Essa vacina também foi disponibilizada temporariamente para profissionais de saúde,
Além disso, a vacina meningocócica ACWY (Conjugada) está disponível no Calendário Nacional de Vacinação para adolescentes de 11 e 12 anos, mas também foi ampliada temporariamente pelo Ministério: até junho de 2023, adolescentes de 13 e 14 anos de idade também poderão se vacinar.