Um estudo publicado recentemente pela revista científica Stroke, mostrou que quase dois terços dos pacientes que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico (tipo mais comum e que corresponde entre 80 e 85% dos casos) não sobrevivem mais de uma década após o episódio. Pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, apontam que, o diagnóstico reduz em cerca de cinco anos e meio a expectativa de vida da pessoa.
Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, que ocorre quando falta sangue em alguma área do cérebro e o hemorrágico, quando um vaso (do tipo artéria, raramente uma veia) rompe. De acordo com dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil, de 1º de janeiro a 25 de maio, 42.079 pessoas morreram vítimas do problema.
A pesquisa internacional monitorou mais de 300 mil adultos que sofreram um primeiro AVC entre 2008 e 2017 na Austrália e Nova Zelândia, em hospitais públicos e particulares. O monitoramento constatou que somente cerca de 36,4%, quase um terço, sobreviveu mais de uma década após o evento. Já 47,2% não chegaram a viver cinco anos depois do diagnóstico. A incidência de óbitos foi maior em mulheres e pessoas acima dos 85 anos. Fatores de risco como arritmia cardíaca e diabetes também estão associados ao aumento na mortalidade e nas chances de uma segunda ocorrência de AVC.
A presidente da Rede Brasil AVC e presidente-eleita da World Stroke Organization (Organização Mundial de AVC), Dra. Sheila Cristina Ouriques Martins, frisa que a prevenção ao AVC deve ser amplamente estimulada e trabalhada pelo sistema de saúde, uma vez que ele pode ser evitado em até 90% dos casos, quando controlada boa parte dos fatores de risco. “É necessário que a população seja fortemente conscientizada sobre o AVC, pois, mesmo que a pessoa sobreviva, na maior parte dos casos, as sequelas são irreversíveis. A cada minuto em que o AVC isquêmico não é tratado, a pessoa perde 1,9 milhão de neurônios”, explica a especialista.
A presidente também salienta que mudanças no estilo de vida, com a inclusão de hábitos saudáveis na rotina, uma alimentação balanceada, controle de peso e prática de atividades físicas são essenciais para prevenir o AVC e outras doenças. “Também é necessário que os profissionais da saúde reforcem as estratégias nesse sentido junto aos pacientes. É importante que cada vez mais a população seja orientada sobre os principais fatores de risco das principais doenças crônicas, como elas podem ser evitadas e quando buscar atendimento médico”, fala.
Os sintomas de um AVC podem surgir de uma hora para outra, e dependendo da parte do cérebro que é afetada manifestam-se de forma diferente. Porém, existem alguns sintomas que podem ajudar a identificar este problema rapidamente, como:
- Dor de cabeça intensa que surge de repente;
- Falta de força num lado do corpo, geralmente visível no braço ou perna;
- Rosto assimétrico, com boca torta ou sobrancelha caída;
- Fala embolada, lenta ou com um tom de voz muito baixo e muitas vezes imperceptível;
- Perda da sensibilidade de uma parte do corpo, não identificando frio ou calor, por exemplo;
- Dificuldade em permanecer de pé ou ficar sentado, pois o corpo cai para um dos lados, não conseguindo andar ou ficar arrastando uma das pernas;
- Alterações da visão, como perda parcial ou visão embaçada;
- Dificuldade para levantar ou segurar objetos;
- Tremores e movimentos incomuns e descontrolados;
- Sonolência ou mesmo perda de consciência;
- Perda de memória e confusão mental;
- Náuseas e vômitos.
Em caso de suspeita de estar ocorrendo um AVC, deve-se deitar a vítima de lado em local seguro e chamar a emergência, ficando sempre atento se a mesma continua respirando normalmente.