Audiência pública da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, realizada em ambiente virtual na tarde desta segunda-feira (9), apontou a utilização do grafeno como possível caminho para o desenvolvimento econômico e social do Rio Grande do Sul.
Na audiência, proposta pelo presidente do Colegiado, deputado Carlos Búrigo (MDB), foi apresentada a UCS Graphene, a primeira e maior planta de produção de grafeno em escala industrial da América Latina. Conectada ao parque de ciência e tecnologia e inovação da Universidade de Caxias do Sul (UCS), a unidade opera desde abril deste ano com capacidade de produção de até 500 Kg/ano. A UCS Graphene resulta de 15 anos de pesquisa da universidade em nanomateriais.
Material obtido através do grafite natural, o grafeno é uma folha plana de átomos de carbono, dispostos em estrutura cristalina. Ele é o material mais leve, resistente e fino que existe, com elevada condutividade térmica e elétrica, sendo considerado pela comunidade científica um dos maiores recursos da atualidade para aplicações em alta tecnologia, com potencial de incrementar inúmeros produtos presentes no cotidiano de milhões de pessoas. Pelas suas características distintas são conhecidos 45 campos industriais para aplicação, que passam por revestimentos avançados, materiais inteligentes, equipamentos de segurança, medicina regenerativa, metais, polímeros e cerâmicas.
O coordenador da UCS Grapheno, Diego Piazza, afirmou que a partir do grafeno se vislumbra uma nova era de materiais e que seu uso é incomensurável. Ele destacou que a UCS Graphene tem domínio da produção e hoje se conecta com empresas nacionais e de países como Japão, Singapura, França e Portugal. Conforme Piazza, através deste trabalho, o estado tem condições de ser competitivo com qualquer outro lugar do mundo e se posiciona como referência nacional e internacional no setor.
O professor salientou também que a utilização do grafeno está em consonância com os 17 objetivos de desenvolvimento sustentáveis (ODS) estabelecidos pela ONU, que compõem uma agenda mundial para a construção e implementação de políticas públicas que visam guiar a humanidade até 2030.
O reitor da UCS, Antônio Kuiava, relatou que o todo o projeto de produzir grafeno em escala industrial e o desenvolvimento de sua aplicação foi desenvolvido em parceria com empresas. “Nossa área de nanomateriais produziu tecnologia para produtos competitivos, e assim atrair novas empresas para a região.” Kuiava solicitou iniciativa para que o grafeno e outras tecnologias tenham legislação tributária específica.
O secretário estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb disse que o trabalho com nanomateriais é essencial ao desenvolvimento do RS, transpassando o posicionamento econômico diferenciado para atingir melhores condições de vida para população. Ele anunciou que nos próximos 30 dias serão publicados editais do INOVA RS contemplando essa área de materiais.
O empresário Zeca Martins, um dos responsáveis pelo desenvolvimento de veículos pesados elétricos no estado, disse que o RS têm oportunidades com essa tecnologia para o futuro. Martins afirmou que é preciso criar estratégias para que se possa fazer a diferença em termos de valor agregado, empregos e arrecadação tributária.
A deputada Sofia Cavedon (PT) considerou que somente investimentos em educação, ciência e tecnologia vão fazer o país sair da crise. Ela lamentou a retirada de recursos orçamentários federais para estas áreas, e sugeriu que através da Assembleia Legislativa se possa facilitar uma interlocução entre as universidades e o ensino médio gaúcho.
O deputado Carlos Búrigo expressou reconhecimento pelo trabalho da Universidade de Caxias do Sul e da UCS Graphene. Ele indicou que a tributação a ser criada para os produtos que utilizam nanomateriais deveria mantter em vista o incentivo ao setor.
O secretário-adjunto da Inovação, Ciência e Tecnologia, Ricardo Bastos, falou da importância do trabalho das indústrias que servem de base para o desenvolvimento de outras indústrias, e o que representam para o estado e para a cadeia de valor de produção. “Trabalhar com um produto como o grafeno muda a potência da economia”, avaliou.
Também participou da audiência o deputado Fernando Marroni (PT).