Caxias do Sul

Assaltos, arrombamentos e furto de gado levam pavor a São Jorge da Mulada

Cadeados e trancas são usados para tentar impedir a ação dos ladrões nas casas. Foto: Mauro Teixeira
Cadeados e trancas são usados para tentar impedir a ação dos ladrões nas casas. Foto: Mauro Teixeira
Cadeados e trancas são usados para tentar impedir a ação dos ladrões nas casas. Foto: Mauro Teixeira

Onde antes era um lugar de muita tranquilidade e sossego, agora o medo toma conta da vida dos moradores de São Jorge da Mulada, localidade distante cerca de 9 km de Criúva e 60 km do centro de Caxias do Sul.

Assaltos, roubos, arrombamentos, furto de gado e ameaças, agora fazem parte do cotidiano dos moradores que até pouco tempo se orgulhavam e faziam questão de receber visitantes nos principais pontos turísticos, como: o Memorial da Família Bertussi, Ponte dos Korff ou nas inúmeras cachoeiras, que fazem parte das belezas naturais da região.

Hoje em dia, o barulho dos motores de qualquer veículo passando pela Estrada Municipal Natalino Boschetti, pode ser de turistas ou o prenúncio de momentos de pavor. De acordo com uma moradora de 46 anos, que não será identificada na matéria, a rotina de assaltos começou há aproximadamente três anos e se intensificou nas últimas semanas.

“Antes eles, os criminosos, escolhiam um horário em que ninguém estava em casa e só arrombavam e levavam tudo. Agora eles não estão nem aí, entram a qualquer hora do dia ou da noite e não importa se tem ou não tem gente em casa, eles perderam o medo dos moradores”, desabafa.

No último ataque, registrado na sexta-feira, dia 4, uma idosa de 66 anos foi vítima de quatro bandidos que chegaram às 9h, fortemente armados, na residência que fica na Linha Gonçalves. Os criminosos a renderam quando ela estava sozinha dentro da casa. Foram aproximadamente cinco minutos de terror. Os indivíduos invadiram a residência, amarraram a vítima e, em seguida, fizeram uma limpa no local, levando praticamente todos os eletrodomésticos e algumas mobílias da residência que fica às margens da estrada.

Em um outro caso, a dona de um armazém foi rendida por dois homens que chegaram no final da tarde e atacaram ela e o filho que estava atendendo os clientes. Os dois ladrões entraram no estabelecimento comercial e levaram várias mercadorias, dinheiro e 16 botijões de gás.

“Depois disso nós paramos de vender gás, é só incomodação e chamarisco pra ladrão. Agora quem quiser comprar gás tem que se deslocar até São Marcos”, revela.

O furto de gado, crime conhecido como abigeato, também faz parte da rotina em São Jorge da Mulada, conforme informações de um morador de 35 anos. Quando a noite cai na localidade é comum ouvir o barulho de pessoas conduzindo os animais de um lado para o outro pelas estradas de chão.

“Moro próximo a uma dessas estradas e durante a madrugada dá para ouvir o tropel das vacas passando rapidamente aqui na frente de casa”, conta.

Na mesma residência desse morador, a reportagem do Portal Leouve, teve acesso de como é conviver com o temor de a qualquer momento poder ter a casa invadida pelos criminosos. Além do uso de cães de guarda do lado de fora para afugentar os malfeitores, dentro um verdadeiro conjunto de barras de ferros, trancas, cadeados e até uma espécie de “quarto do pânico”, escondido atrás de uma parede falsa, servem para passar uma “sensação de segurança”.

“Às vezes não adianta. Eles entram da mesma maneira, mas a gente tenta fazer de tudo pra evitar que alguma surpresa aconteça, mas é quase inevitável se eles quiserem entrar eles entram”, conta o proprietário, apontando para uma porta que mais parece a entrada de um presídio de segurança máxima.

O que diz a Brigada Militar?

De acordo com o subcomandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12ºBPM), Major Emerson Ubirajara, a Brigada Militar (BM) vem trabalhando dentro de um sistema de gestão e análise de ocorrências que se chama sistema avante. O painel demonstra os índices das ocorrências em Caxias do Sul através de todos os registros policiais que são realizados, sejam eles através da BM ou na Delegacia de Polícia.

Conforme o subcomandante, são poucas as ocorrências registradas na região esse ano de 2018. “Na região de São Jorge da Mulada temos somente dois registros de ocorrência em 2018, um furto de veículo e um homicídio. Portanto, a BM não tem conhecimento dos vários assaltos e furtos acontecidos nesta região que são barrados pela comunidade. A BM adverte e orienta que as vítimas de delitos registrem a ocorrência, porque é através dele que adotamos posturas e planejamos nossas ações”, salienta.

Uma reunião foi marcada com a comunidade para a próxima quarta-feira, dia 9, para que o comando da BM possa se inteirar da situação.