Caxias do Sul

Após um ano, vítima de agressão por homofobia volta abordar assunto em Caxias

Após um ano, vítima de agressão por homofobia volta abordar assunto em Caxias

Há exato um ano o assunto em destaque no país era a decisão do juiz da 14ª Vara do Distrito Federal, Waldemar Cláudio de Carvalho, que concedeu uma liminar abrindo a possibilidade de que psicólogos de todo o país oferecessem e pesquisassem sobre a terapia de reversão sexual, conhecida também como a “cura gay”.

A decisão mais tarde, no mês de dezembro do ano passado, foi alterada e agora prevê que pessoas com “orientação sexual egodistônica” – ou seja, que veem a própria orientação sexual como uma causa de sofrimento e angústia – podem receber atendimento em consultórios, e que profissionais podem promover estudos sobre o tema. No entanto, fica proibido fazer “propaganda ou divulgação de supostos tratamentos, com intuitos publicitários, respeitando sempre a dignidade daqueles assistidos”. A decisão foi assinada pelo mesmo juiz da sentença original.

O caso abriu várias frentes de discussão, inclusive em Caxias do Sul, onde na época houve um caso de agressão e homofobia. O jovem Leonardo Paim, 20 anos, morador do bairro Kayser foi vítima de violência no bairro Sagrada Família, pelo fato de estar usando um batom roxo. Leonardo afirmou na época que estava com medo de sair na rua novamente com seu namorado.

Um ano depois do caso, Paim, conversou novamente com o Portal Leouve e avaliou o período em que a discussão ficou evidente. “O que mudou nesse ano foi que eu consegui abrir o debate sobre o assunto entre meus familiares. Eles conseguiram ver que isso não é uma doença, que não vai ser curado com remédio ou dentro de uma igreja, com oração ou novena. Não há problema algum em ser gay, lésbica ou trans”, pondera.

Leonardo Paim foi vítima de violência no bairro Sagrada Família por estar usando um batom roxo

Na época ele afirmou que não conseguia emprego pelo fato se ser homossexual e que ouviu que “teria que se comportar como homem”. Agora,um ano depois a situação não mudou muito. “Diretamente pra mim o que mudou foi a minha profissão. Eu sempre gostei de maquiagem e agora criei um blog no Instagram, @leopaimbeauty,  onde eu conto meu dia a dia e também abro discussões contra o racismo, violência contra as mulheres, LGBT+Q fobia e ainda posto sobre maquiagem, cabelo e tudo sobre o meu universo. Inclusive hoje, um ano depois da primeira entrevista, fui convidado para participar de um evento de uma grande empresa de perfumaria. Foi um episódio triste a agressão, me deixou marcado pra sempre,porém me abriu para coisas novas”.

De acordo com Paim, em Caxias existem lugares que apoiam os LGBT+Q’s para contratação, porém as vagas são mínimas e nesse período abriu um salão de beleza em parceria com a minha irmã e uma amiga,que é de onde está vindo a renda para sua sobrevivência. “Conheço amigos que trabalham em locais que sofrem diariamente com preconceito, piadinhas, e não podem pedir demissão porque precisam do dinheiro pra o sustento”.
Quanto ao futuro sobre o preconceito ele acredita que a perspectiva é incerta porque um dia a se dá um passo a frente e depois algumas coisas mostram que se não é bem assim e que a situação está longe de se ter um futuro garantido sobre o assunto.

Para encerrar, Paim, faz uma projeção pessimista pois acredita que um movimento não anula outro, pois, o fato se levantar uma bandeira não quer dizer que não se está preocupado com outros problemas. “Ouvi comentários de que poderíamos estar falando sobre a falta de atendimento aos idosos ou sobre a politica de violência contra as mulheres. A gente pode lutar pelo direito dos negros ou outros movimentos sem que outros sejam esquecidos”.