Consequência das cheias em todos os seus afluentes, o nível do Guaíba chegou às 8h15min desta terça-feira (21) ao histórico patamar de 3,46m, o maior desde a grande enchente de 1941 em Porto Alegre, de 4,76m. Como efeito, a cidade presenciou o alagamento da orla, a suspenção do serviço de trens, a inundação do Quarto Distrito e inúmeros resgates na região das Ilhas até o início da tarde. Contudo, as medições na régua do Cais do Porto recuaram 2 centímetros, o que indica uma tendência de estabilização.
Segundo a MetSul Metereologia, a grande onda de vazão dos rios Taquari e Caí já alcançou a área de Porto Alegre e foi responsável pela grande elevação do final do domingo e registrada ao longo da segunda-feira. “Os dois rios, entretanto, já baixam em toda a sua extensão, até o desague no Jacuí ou no seu delta na área de Porto Alegre”, explica a empresa, que pondera: “O nível do Jacuí ainda sobe entre o Centro do Estado e a Capital, mas a cheia é menor que a de setembro.”
Apesar de ser esperado uma baixa do Guaíba nas próximas horas, os níveis ainda devem permanecer muito altos por dias, mantendo a cota de cheia em Porto Alegre. Um panorama que pode estender o drama dos moradores das Ilhas até a próxima semana.
De olho no tempo e no vento
O prognóstico de chuva para esta quarta-feira em Porto Alegre, embora possa ocorrer de maneira intensa em alguns momentos do dia, de acordo com a MetSul, não é o maior risco para a cheia. “O que preocupa é a perspectiva de vento Sul. O vento no Norte da Lagoa dos Patos vai passar a soprar do quadrante Sul entre a tarde e a noite desta quarta-feira no momento em que o Guaíba estiver baixando. O vento Sul pode interromper a trajetória de baixa e levar a uma nova elevação temporária”, explica a MetSul.
Em setembro, quando o nível do Guaíba chegou a 3,18m – até esta manhã considerada a maior medição desde 1941 – o vento Sul, sob influência de um ciclone, foi responsável por elevar em até 30cm a 50cm o nível do Guaíba. Desta vez, contudo, a tendência é de ventos menos intensos, o que pode gerar o efeito de represamento das águas e retardar a baixa do nível do Guaíba.