Sorriso tímido. Olhar meio envergonhado. E respostas curtas. Como qualquer adolescente.
– O que essa carteirinha representa pra ti?
– Ah, uma oportunidade pra mudar de vida, né, dona.
Aos 18 anos, ele é um dos 146 internos do Case (Centro de Atendimento Socioeducativo) de Novo Hamburgo. Hoje, 43 se formaram em artesanato. Com direito a hino e orador, duas turmas receberam a carteira de artesão profissional.
Eles concluíram as oficinas de crochê, ponto-cruz, origami e aquarela, realizadas dentro da entidade. Os professores são os próprios agentes socioeducadores. O projeto é uma parceria entre a Fase (Fundação de Atendimento Socioeducativo), a FGTAS (Fundação Gaúcha de Trabalho e Assistência Social) e a Casa do Artesão.
A secretária de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos, Maria Helena Sartori; o presidente da FGTAS, Gilberto Baldasso; o presidente da Fase, Robson Zinn; e a diretora do Case de Novo Hamburgo, Cláudia Patel, entregaram os documentos para os adolescentes. Agora, eles são reconhecidos como profissionais autônomos.
“Parece só uma carteirinha, mas talvez seja o primeiro diploma. É bonito ver que vocês aproveitaram o tempo aqui para se profissionalizar. Desejo que vocês recebam muitos diplomas ao longo da vida. Desejo muito sucesso no futuro. Aproveitem as oportunidades”, disse Maria Helena.
E fez a turma rir quando brincou: “Se o governador estivesse aqui, ele diria que vocês estão fazendo crochê tão bem quanto a mãe dele”.
Segundo a diretora da entidade, as oficinas ajudam a superar a ansiedade, a aflição e até a agressividade, geradas pela privação de liberdade. “Esses produtos são muito mais que produtos. Eles têm muito sentimento por trás”, falou Cláudia.
Os jovens também participam de oficinas esporádicas, onde aprendem a fazer pães e trufas e são incentivados a ler.
Na mesma tarde, Maria Helena e Zinn também visitaram as obras de ampliação do Case de Novo Hamburgo. Segundo Zinn, serão mais trinta vagas a partir de setembro. A Fase não abre novas vagas desde 2004. Hoje, em todo Rio Grande do Sul, são em média 1.300 internos.