Opinião

A teoria dos ídolos

Comentário de Sílvia Regina. (Foto: Reprodução)
Comentário de Sílvia Regina. (Foto: Reprodução)

Francis Bacon foi um político, filósofo, cientista, ensaísta inglês, conhecido como “Barão de Verulam” e, também, como “Visconde de Saint Alban”.

Desde muito cedo, contudo, sua educação foi orientada para a vida política, seara em que exerceu posições muito elevadas, inclusive Procuradoria da Coroa Britânica. Sem embargo, Bacon também está entre os fundadores da Ciência Moderna, e uma de suas importantes contribuições nesse campo do saber foi a de ter desenvolvido a “Teoria dos Ídolos”.

Você já ouviu falar dela? Não?

Pois bem. Falemos um pouco sobre essa Teoria. Uma de suas funções primordiais é a de tornar os homens conscientes das “falsas noções” que “obscurecem” as suas (nossas) mentes e obstruem o caminho para verdade. Francis Bacon sustentou que são quatros as espécies do gênero “ídolo” que assediam a nossa mente. São elas:

  1. A primeira, “os Ídolos da tribo”, fundada sobre a própria natureza humana e dependente do fato de que o intelecto humano mistura sempre a própria natureza com a das coisas, transformando-a e desfigurando-a, e ela diz que não existem conexões entre a natureza humana e a das coisas;

  • A segunda, “os Ídolos da caverna”, que deriva do indivíduo singular e, precisamente, da natureza específica da alma e do corpo do indivíduo singular ou, então, de sua educação e de seus hábitos; ou, ainda, de outros casos fortuitos. Ou seja, o indivíduo não deve analisar a natureza a partir de suas crenças particulares;

  • A terceira refere-se aos “Ídolos do foro ou do mercado”, dependente dos contatos recíprocos do gênero humano, que se insinuam no intelecto por via das combinações impróprias das palavras e dos nomes. Com isso, Bacon quis dizer que não se descobre a natureza apenas conversando com os outros; e, por fim,

  • A quarta, “os Ídolos do teatro”, que penetram na alma humana por obra das diversas doutrinas filosóficas e das péssimas regras de demonstração. Aqui, Francis Bacon nos alerta para não acreditarmos em falsas ideias de doutrinas filosóficas ou científicas.

  • Então, bem examinado, Francis Bacon, com sua Teoria dos Ídolos, está a nos dizer: cuidado com os ídolos e com a própria idolatria. São todos falsos. São cresças de nossas mentes. É impossível descobrir “a verdade”.

    Não há forma de pensamento ou tese em que a gente não acabe caindo em uma dessas quatro ciladas. O mundo das certezas não é tão certo assim. As verdades absolutas ruíram e é digno de pena quem pensa ter o monopólio do saber.

    Em parte, concordo com isso. Apenas discordo que, a despeito de não haver uma verdade absoluta, que não existam valores absolutos com quais não se admite transigir, por exemplo, com o mal.