
Francis Bacon foi um político, filósofo, cientista, ensaísta inglês, conhecido como “Barão de Verulam” e, também, como “Visconde de Saint Alban”.
Desde muito cedo, contudo, sua educação foi orientada para a vida política, seara em que exerceu posições muito elevadas, inclusive Procuradoria da Coroa Britânica. Sem embargo, Bacon também está entre os fundadores da Ciência Moderna, e uma de suas importantes contribuições nesse campo do saber foi a de ter desenvolvido a “Teoria dos Ídolos”.
Você já ouviu falar dela? Não?
Pois bem. Falemos um pouco sobre essa Teoria. Uma de suas funções primordiais é a de tornar os homens conscientes das “falsas noções” que “obscurecem” as suas (nossas) mentes e obstruem o caminho para verdade. Francis Bacon sustentou que são quatros as espécies do gênero “ídolo” que assediam a nossa mente. São elas:
-
A primeira, “os Ídolos da tribo”, fundada sobre a própria natureza humana e dependente do fato de que o intelecto humano mistura sempre a própria natureza com a das coisas, transformando-a e desfigurando-a, e ela diz que não existem conexões entre a natureza humana e a das coisas;
A segunda, “os Ídolos da caverna”, que deriva do indivíduo singular e, precisamente, da natureza específica da alma e do corpo do indivíduo singular ou, então, de sua educação e de seus hábitos; ou, ainda, de outros casos fortuitos. Ou seja, o indivíduo não deve analisar a natureza a partir de suas crenças particulares;
A terceira refere-se aos “Ídolos do foro ou do mercado”, dependente dos contatos recíprocos do gênero humano, que se insinuam no intelecto por via das combinações impróprias das palavras e dos nomes. Com isso, Bacon quis dizer que não se descobre a natureza apenas conversando com os outros; e, por fim,
A quarta, “os Ídolos do teatro”, que penetram na alma humana por obra das diversas doutrinas filosóficas e das péssimas regras de demonstração. Aqui, Francis Bacon nos alerta para não acreditarmos em falsas ideias de doutrinas filosóficas ou científicas.
Então, bem examinado, Francis Bacon, com sua Teoria dos Ídolos, está a nos dizer: cuidado com os ídolos e com a própria idolatria. São todos falsos. São cresças de nossas mentes. É impossível descobrir “a verdade”.
Não há forma de pensamento ou tese em que a gente não acabe caindo em uma dessas quatro ciladas. O mundo das certezas não é tão certo assim. As verdades absolutas ruíram e é digno de pena quem pensa ter o monopólio do saber.
Em parte, concordo com isso. Apenas discordo que, a despeito de não haver uma verdade absoluta, que não existam valores absolutos com quais não se admite transigir, por exemplo, com o mal.