Comportamento

"A liberdade está em xeque", afirma Percival Puggina a empresários caxienses

Jornalista e escritor gaúcho foi o primeiro convidado da RA CIC em 2023

"A liberdade está em xeque", afirma palestrante a empresários caxienses
"A liberdade está em xeque", afirma palestrante a empresários caxienses (Foto: Marcos Cardoso/Grupo RSCOM)

“A liberdade está em xeque”. Foi com estas palavras que o jornalista, escritor e palestrante gaúcho Percival Puggina abriu, nesta quarta-feira (15), a agenda da RA da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) no ano de 2023. Durante mais de uma hora, ele explanou sobre “O futuro da liberdade”.

Durante a palestra, Puggina mostrou sua visão a respeito do atual ambiente político brasileiro, principalmente após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Assim, apresentou suas vivências, como por exemplo o período em que esteve em Cuba, que lhe rendeu o livro “Cuba, a Tragédia da Utopia (2004)”. Ao criticar os regimes totalitários, e citar o país caribenho, reforçou a ideia de que a marca das democracias é a liberdade de expressão.

“Porque sem ela eu mato o pensamento, o pensamento morre quando não é apresentado. É uma condição essencial dos povos livres que têm democracia que as pessoas possam dizer o que pensam. Se há excessos na comunicação feita, a lei existe, já está pronta, não precisa fazer mais nada”, disse.

O palestrante, que já foi colunistas em veículos da capital gaúcha e tem diversas obras com seu viés político publicadas, fez duras críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes.

“Fico muito preocupado quando ouço dizer que agora vamos controlar as redes sociais e quando vejo que o ministro Alexandre de Moraes (ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral) se coloca como disposto voluntário para apresentar sugestões para um projeto nesse sentido. Não confio que possa haver um projeto que corresponda ao meu desejo por liberdade”, falou.

(Foto: Marcos Cardoso/Grupo RSCOM)

Conforme ele, os jovens tem papel importante nesta busca pela liberdade, e precisam buscar saber mais para não sofrer um bloqueio do conhecimento. Em relação à Procuradoria de Defesa da Democracia, criada pelo governo federal por meio de decreto para atuar contra a desinformação e combate às fake news, Percival Puggina disse que a estrutura já nasce contaminada porque, segundo ele, este controle não pode ser tarefa do Estado.

“A ninguém pode ser dada esta tarefa. Sempre que alguém assumir esta tarefa, tu estás dando a ela um poder sobre o pensamento. Quer regular, regula a sanção, mas não aquilo que é dito. No Brasil nós fomos muito além disso, no Brasil já estamos silenciando a pessoa, e silenciar a pessoa é o superlativo da censura”, concluiu.

Puggina também é autor de Crônicas Contra o Totalitarismo (2001); Pombas e Gaviões (2010); A tomada do Brasil pelos maus brasileiros (2014); e A Tragédia da Utopia (atualização e ampliação da edição anterior 2019). Participou das seguintes obras coletivas: Lanterna na Proa – Cem anos de Roberto Campos (2010); Perspectivas de Liberdade (2016); Desconstruindo Paulo Freire (2018); Dynamic Mindset – Ideias instigantes que transformam (2019). Sendo ainda ex-filiado do Partido Progressista (PP).