Descartando a opinião materialista, pois condenada pelo princípio da razoabilidade e pelos fatos, resume saber se a alma, após a morte, poderá manifestar-se aos vivos. Reduzimos assim a questão à sua mais simples expressão, deixando-a singularmente desembaraçada.
Pergunta-se inicialmente, por que seres inteligentes, que de alguma forma convivemos, embora imperceptíveis ao sentido comum, não poderiam comprovar sua presença naturalmente? A razão diz que, para isso, não seria impossível, mas há motivações relacionadas ao princípio evolutivo que devem ser observadas.
A manifestação por única iniciativa, deixa os méritos apenas de um lado, o caminho a percorrer deve ser respeitado, porque é isso que importa. De outro lado esta crença é comum em todos os povos, em todas as épocas; conclui-se que a intuição não poderia ser tão generalizada, nem sobreviver aos tempos, caso não estivesse alicerçada em alguma coisa.
Além disso, ela é recepcionada pelo testemunho dos livros sagrados e de grandes pensadores e mestres da igreja. No entanto, o ceticismo e a incredulidade do materialismo desejam sempre colocá-la entre as idéias supersticiosas. Porém, se isso é um erro, estas autoridades incorrem igualmente. Note-se que encontramos um ex-cético, mas não vimos um ex-crente, pois as verdades acabam sendo, cedo ou tarde, recepcionadas.
O fato deste fenômeno ainda ser incompreensível, não autoriza a crer que a matéria é princípio de inteligência por si só, mas que necessita de ação de inteligência externa a ela. Por tais razões, aqueles que imaginam ser o espírito a ausência de toda a matéria, se questionam: como poderia agir materialmente?
E é exatamente aí que se encontra o erro; porque o espírito não é abstrato, mas delimitado e circunscrito. Quando deixa o corpo, na morte, é expropriado apenas de suas vestes.
Inúmeras observações, através de fatos incontestáveis, nos fazem concluir que o ser humano é constituído de três propriedades: 1ª – De um princípio de inteligência denominado Alma ou Espírito, residência do desenvolvimento da ética e da moralidade; 2ª – Corpo, invólucro denso e material, no qual provisoriamente está circunscrito o espírito para objetivos evolutivos; 3ª – Perispírito, invólucro fluídico, parte matéria e parte volátil, constituindo-se em elo entre alma e corpo.
Com a morte, desagrega-se o eletro-magnetismo, liberando a alma do corpo. Mas o perispírito segue a alma, mantendo o envoltório, porém não deixando de ser matéria, embora fluídica e invisível aos olhos em seu estado normal, mesmo que até o momento a ciência ainda não consiga realizar uma análise.
“… tudo vem do pó e tudo volta ao pó.” – Eclesiastes 3,20
Escrito para Tábuas da Verdade, por Mauro Falcão – 17/11/2017.