Caxias do Sul

33 anos de amor à farda: Coronel Cardoso deixa o comando do CRPO Serra

"Com a graça de Deus, cumprimos nossa missão", diz o Coronel (Foto: Jackson Cardoso/Divulgação)
"Com a graça de Deus, cumprimos nossa missão", diz o Coronel (Foto: Jackson Cardoso/Divulgação)


Ricardo Fraga Cardoso, o Coronel Cardoso, entrou em licença especial da Brigada Militar (BM) e deixa a titularidade do Comando Regional de Polícia Ostensiva, o CRPO da Serra Gaúcha, nesta sexta-feira (5). Filho de pai brigadiano, criado com raízes fundadas na proteção pública, Cardoso chegou em Caxias do Sul em maio de 2018. Um dos objetivos desde que chegou à Serra, era diminuir os índices de homicídios e latrocínios. Uma tarefa que, junto a todos os policiais dos batalhões, tornou exitosa.

Agora, Cardoso espera a publicação no Diário Oficial do Estado para entrar na reserva da corporação. Em entrevista exclusiva à reportagem do Portal Leouve, o Coronel fala sobre o período na Serra Gaúcha, após sair do Comando do Litoral Norte, e também sobre as mais de três décadas vestindo a farda brigadiana.

Como foi esse tempo à frente do Comando da Brigada Militar na Serra Gaúcha?

Foi uma alegria muito grande e um tamanho desafio de um comando tão importante para a Brigada Militar, porque aglutina 66 municípios da Serra e 1,4 milhão de habitantes. Com a graça de Deus cumprimos nossa missão. Tentamos fazer o melhor possível para que toda essa população tivesse uma resposta cada vez melhor no que se refere a segurança pública. Sempre, onde passamos nesses 33 anos, buscamos dar o melhor atendimento do serviço. Uma boa relação com brigadianos e brigadianas e a gente sai bastante gratificado em razão de ter conhecido esse lugar e essas pessoas maravilhosas que integram os quadros da Brigada Militar. Também a comunidade. A população que nos recebeu tão bem aqui na região.

Como avalia a redução de índices de crimes como homicídio e latrocínio?

Graças ao trabalho e dedicação dos nossos brigadianos, reduzimos os índices de crimes contra a vida que afetam tanto nossa comunidade. Bem como a redução de roubos a banco, caixa eletrônico, instituições financeiras. Tivemos uma redução acentuada, graças ao trabalho das nossas equipes. O papel principal do comandante é motivar a sua tropa para que preste o melhor serviço, adequado, técnico, na busca por melhores resultados. Esse foi meu principal objetivo. Meu principal papel foi a motivação, sempre que podíamos. Em ocorrências, formaturas, quartéis. Uma palavra para que continuasse com esse trabalho dedicado. A motivação é prioritária para quem preza por um serviço tão importante.

Há algum diferencial na Serra Gaúcha em comparação com outras regiões do estado?

Aqui nesta região serrana temos recursos financeiros, valores, arrecadação, trânsito de valores pelo potencial de riquezas, pelo potencial per capito. Obviamente os criminosos se atem mais para desenvolver atividades ilícitas. Requer maior preparo, maior enfrentamento por parte dos órgãos de segurança. Foi muito positivo. A pronta resposta que a BM dá nessas ocorrências, sempre buscando segurança a essas comunidades. A BM está preparada para dar essa pronta resposta. A nossa função e comprometimento é maior que todas as dificuldades. Que pesem as dificuldades de parcelamento de salário, de redução de efetivo, isso não é maior que o nosso amor à farda, amor ao serviço.

Quais foram as principais, ou a principal, dificuldade enfrentada neste período?

O ponto nevrálgico da BM, a nível Serra, se refere a redução de efetivo. Quando nossa mão de obra é reduzida, com certeza temos um certo prejuízo. Isso vem de vários governos anteriores, um somatório, tem dificultado nossa prestação de serviço. Mas, nossos valentes brigadianos e brigadianas que estão no front tês feito o máximo possível para que a gente possa cada vez mais prestar um serviço qualificado.

Já em licença, Cardoso recebeu a reportagem e falou sobre os 33 anos de BM (Foto: Jackson Cardoso/Divulgação)

Como resume estes 33 anos de BM?

Eu como filho de brigadiano, de sargento da BM, me alimento do feijão da BM desde que nasci. Tô acostumado a andar dentro dos quartéis desde criança. Peguei gosto pela função, pelo tipo de atividade. Prestei concurso em 1986. Fiz o ensino médio no Colégio Tirantes; Com 17 anos ingressei na Academia da Brigada Militar em Porto Alegre. Minha primeira e única profissão da vida. Tudo que tenho, que minha família tem, eu devo à Brigada Militar. Por isso que a gente ama essa instituição com 181 anos. Por isso que nosso juramento à frente da bandeira mesmo com risco da própria vida. E quantos brigadianos tombaram em serviço por acreditar e buscar o melhor para as comunidades, para as pessoas que a gente defende. Estamos no caminho certo e temos certeza que o bem sempre tem que vencer o mal.

Estimula os filhos a ser brigadianos?

A gente sempre estimula. Tenho três filhos. A gente sempre conversa, estimula. Foi o que a gente fez a vida inteira e tem orgulho. Tem o respeito do povo gaúcho e das pessoas do bem.

Como é, hoje, a visão do Cardoso da instituição Brigada Militar?

A gente quando tem 17 anos quer revolucionar o mundo. E quer que o mundo seja diferente. Vamos salvar o planeta. Depois, vamos amadurecendo e ao longo vamos tendo frustrações, trabalhar com elas, trazer pra realidade e transformar em ensinamentos, para que possa trazer coisas positivas. Botando tudo na balança, eu só tenho a agradecer a BM, as vitórias, que a equipe, essa entidade, essa família BM, só temos agradecer e estimular os brigadianos que continuem defendendo a comunidade da melhor forma.

Reconhecido como um “Coronel Humano”, Cardoso deve retornar ao Litoral Norte do Rio Grande do Sul junto à família. Nos próximos dias, o tenente-coronel Glauco Alexandre Braga será anunciado como novo comandante do CRPO/Serra.