Quando o governo de Daniel Guerra em Caxias do Sul fez 120 dias e a opção pelo confronto adotada como estratégia de governo ficou bem clara em diversos episódios, eu disse e escrevi aqui mesmo e em todos os espaços que ocupo nas emissoras e sites do Grupo RSCOM que a gente estava diante de um governo em pé de guerra.
A força dessa expressão e o evidente trocadilho com o nome do prefeito naquela época desagradaram a muitos, mas hoje, sinceramente, seis meses depois que guerra assumiu a prefeitura, não dá mesmo pra negar que o apelido se mantém bem vivo né não?
Um governo em pé de guerra. Porque desde lá, o governo de Daniel Guerra acumula conflitos e carece de soluções.
É evidente que o prefeito encarou problemas espinhosos no início da gestão, muitos deles empurrados com a barriga por 12 anos do governo anterior e outros tantos, como a cobrança de horários dos médicos, os altos gastos com os CCs, as contas que não fecham da festa da uva e o monopólio da empresa de transporte coletivo.
Mas é a falta de habilidade para propor saídas aos impasses e a falta de disposição pro diálogo que acabam falando mais alto e gerando um desgaste muitas vezes desnecessário pro governo.
Hoje, os caxienses convivem com uma greve de médicos que dura mais de dois meses, com a falta de profissionais que faz aumentar o caos no Postão a cada dia e com uma indefinição pra abertura da UPA da Zona Norte que impede o governo de cumprir uma de suas principais promessas de campanha.
Mas não é só na Saúde que a coisa não se ajeita. Não bastasse isso, a gente ainda convive com a briga judicial por causa do preço da passagem de ônibus que pode sim gerar uma indenização pra concessionária, com as contas públicas mutiladas pela questão da indenização dos Magnabosco até hoje não resolvida por sucessivos governos, e com a eterna falta de vagas na educação infantil sem solução a curto prazo.
E como se isso tudo não fosse suficiente, o governo fica menor com as brigas intermináveis entre o prefeito e o vice, com a saída dos secretários de saúde sem explicação aparente, com o caso envolvendo a Apae e a multa a uma entidade assistencial sem a busca de uma solução mais pacífica, com o adiamento da festa da uva, com a agenda secreta ainda mal esclarecida e com a falta de diálogo com a imprensa, restrita a coletivas convocadas pelo prefeito.
O certo é que nesses 180 dias de um governo em pé de guerra, são os caxienses que sofrem, com uma oposição que quer gerar desgastes a cada dia e com uma administração que parece que não faz nada pra evitar o confronto.
E o que a gente espera no meio disso tudo é que, passados os primeiros seis meses de governo, o prefeito desarme os ânimos, os seus e os da oposição, encontre o equilíbrio possível e, finalmente, comece a construir o entendimento.