Política

Gaeco busca documentos em investigação de propina na Câmara de Bento

Gaeco busca documentos em investigação de propina na Câmara de Bento


As investigações do Ministério Público (MP) em Bento Gonçalves sobre as denúncias da existência de um esquema de pagamento de propina a vereadores para aprovação de emendas ao processo de revisão do Plano Diretor da cidade deram um passo importante na manhã desta segunda-feira, dia 4 de junho, quando uma equipe do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, coordenada pelos promotores Alécio Nogueira e Gilson Medeiros, realizam diligências nos gabinetes de pelo menos quatro vereadores e do presidente do Legislativo, Moisés Scussel Neto (PSDB).

As investigações procuram documentos e arquivos eletrônicos que possam ajudar a esclarecer as denúncias, e tem como alvo, além da presidência da Casa, o gabinete de alguns vereadores apontados como participantes de uma suposta reunião em que um grupo empresarial da cidade teria oferecido o pagamento de R$ 40 mil a vereadores que assinassem favoravelmente a uma emenda que permitiria ampliar os índices construtivos no chamado Corredor Gastronômico, entre as ruas Herny Hugo Dreher e Planalto, no bairro São Bento.

A operação, batizada de 165 em referência à emenda que propôs a alteração nos índices construtivos do bairro São Bento para permitir a construção de prédios de até oito pavimentos no corredor gastronômico, corre em segredo de investigação.

Promotores realizam diligência na Câmara de Bento Gonçalves (Foto: Dariano Moraes)

O MP começou a investigar o caso depois que o vazamento de uma gravação onde o vereador Gustavo Sperotto (DEM) afirma que participou da reunião chegou ao conhecimento dos procuradores Nogueira e Elcio Menezes.

Segundo o coordenador do Núcleo Serra do Gaeco, promotor de Justiça Reginaldo Freitas da Silva, as “apreensões foram autorizadas pela Justiça local e servirão para instrução e comprovação em procedimento investigatório criminal e inquérito civil que foram instaurados para investigar os fatos”.

Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, sendo quatro em gabinetes da Câmara de Vereadores local (além do gabinete do presidente, os vereadores Rafael Pasqualotto e Volnei Cristófoli, do PP, e Marcos Barbosa, do PRB) e quatro nas casas de parlamentares. Os vereadores Jocelito Tonietto (PDT), Sidinei da Silva (PPS) e Valdemir Marini (PTB), que também assinaram a emenda de autoria de Barbosa, não foram alvo da operação.

A ação do MP ocorre no dia em que o protocolo do requerimento para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso no âmbito do Legislativo foi oficializado pelo vereador Agostinho Petroli (MDB). O assunto ganhou repercussão maior há pouco menos de um mês, quando vazou a gravação em que o próprio Sperotto afirma que seis vereadores teriam recebido proposta de R$ 40 mil para aprovar a emenda que permite prédios de até oito andares no Bairro São Bento.

Confira a nota do MP

O Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – Gaeco –, Núcleo Serra, com apoio das Promotorias de Justiça de Bento Gonçalves e da Especializada Criminal da Capital, deflagrou nesta segunda-feira, 04, a Operação 165, com o objetivo de cumprir mandados de busca e apreensão e colher provas sobre possíveis crimes cometidos na proposição, análise e futura votação do Plano Diretor do Município de Bento Gonçalves.

Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, sendo quatro em gabinetes da Câmara de Vereadores local e quatro nas casas de parlamentares.

Segundo o coordenador do Núcleo Serra do Gaeco, promotor de Justiça Reginaldo Freitas da Silva, as “apreensões foram autorizadas pela Justiça local e servirão para instrução e comprovação em procedimento investigatório criminal e inquérito civil que foram instaurados para investigar os fatos”. A denúncia foi levada ao Ministério Público por pessoas da comunidade e, em parte, confirmadas por parlamentares inquiridos pelos promotores de Justiça. Conforme o apurado, teria sido oferecida proposta financeira para que parlamentares propusessem e futuramente aprovassem emenda ao projeto que alteraria o índice de construção em área valorizada da cidade.

O nome da operação (165) corresponde ao número de uma emenda parlamentar que teria sido proposta. Participam da operação, também, os promotores de Justiça Alécio Silveira Nogueira, Elcio Resmini Meneses e Gílson Borguedulff Medeiros.