Zeli e Diego dos Anjos, sogra e marido de Deise Moura, descreveram o episódio envolvendo um suco de manga supostamente contaminado. A Polícia Civil desconfia que a bebida continha arsênio, detectado em amostras de urina do homem e do filho do casal.
O químico também estava no bolo de Natal que levou três pessoas da mesma família à morte, em Torres. Além disso, a substância ainda foi encontrada no corpo do sogro de Deise, morto em setembro e exumado no último dia 8 de janeiro.
As circunstâncias do suposto envenenamento do suco foram detalhadas na DP de Arroio do Sal, na última na segunda (20). Deise é apontada como suspeita, também, neste caso.
De acordo com os depoimentos, a investigada alega ter adicionado açúcar na bebida, e que o produto teria sido doado na época da enchente. A versão dela é que o ingrediente foi contaminado ao ficar submerso.
O que diz o marido
O marido de Deise estima que os fatos aconteceram no dia 16 ou 17 de dezembro, na residência onde moravam, em Nova Santa Rita.
Diego lembra que trabalhava em casa quando, por volta das 17h, a esposa o ofereceu um suco de manga. Meia hora após o consumo, ele começou a passar mal.
Ele conta que sentiu enjoo e regurgitou de uma forma que jamais havia feito.
“Foi um vômito violento, que quase não teve como segurar até o banheiro”, relembra.
Diego conta que o suco estava em uma garrafa na geladeira, disponível a todos da casa. Ele diz que “nunca cogitou o envenenamento” e que, por isso, ofereceu a bebida ao filho, uma criança de 9 anos.
O menino também regurgitou, e precisou ser encaminhado a um hospital. Diego não sabe se Deise colocou o dedo na goela do filho para provocar vômitos, mas disse que era comum ela fazer isso em si mesma.
Deise não tomou o suco. Na ocasião, ela também não teria demonstrado “nada de anormal no comportamento”, segundo o marido.
O que diz a sogra
Zeli dos Anjos conta que soube do ocorrido via Whatsapp, ao ver no “status” de Deise uma foto do neto hospitalizado. Ela então telefonou para a nora, que mencionou a ingestão do suco de manga.
Deise teria dito que adoçou a bebida com açúcar doado na época da enchente. Ela chegou a enfatizar para a sogra que o motivo da intoxicação do suco seria o ingrediente, teoricamente contaminado após ficar submerso.
Zeli reforça ter certeza de que Deise “colocou veneno no suco”, mas não sabe apontar uma motivação. Ela ainda mantém convicção de que a nora também envenenou o sogro, Paulo Luiz dos Anjos, e o bolo de Natal, meses depois, em Torres.
Marido não responsabiliza esposa
Ao contrário da mãe, Diego não está seguro das suspeitas que recaem sobre Deise. Questionado por policiais se acredita na inocência da esposa, ele disse que não sabe responder.
O homem não acha que Deise tenha envenenado o pai dele. Ele, de igual modo, não acredita que a mulher tenha contaminado o bolo de Natal, mas reconhece que, se ela tivesse algum alvo, seria Zeli.
Em 6 de janeiro, um dia após a chegada de Deise ao Presídio Feminino de Torres, Diego a enviou uma sacola com roupas íntimas e produtos de higiene pessoal. Ele também notificou a unidade sobre a intenção de manter as entregas enquanto a companheira estiver na condição de presa temporária.
O que diz a defesa de Deise
A defesa da acusada Deise, representada pelo escritório Cassyus Pontes Advocacia, vem se manifestar no sentido de que houve acesso aos laudos preliminares do IGP, quanto aos fatos ocorridos na Comarca de Torres, bem como o da exumação do corpo do Sr. Paulo Luiz dos Anjos.
Desta forma, já há contato com peritos criminais particulares para avaliação da documentação oficial e notícias veiculadas pelos meios midiáticos.
Entretanto, não há ainda a disponibilidade dos laudos referentes ao filho de Deise dos Anjos e seu companheiro, razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas.
Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito.
Cassyus Pontes Advocacia
Com as informações: Correio do Povo