
O governo do Rio Grande do Sul deu mais um passo para viabilizar a construção de três novas pontes internacionais com a Argentina. Nesta sexta-feira (27), o vice-governador Gabriel Souza esteve em Brasília para reuniões com o embaixador argentino no Brasil, Guillermo Raimondi, e com representantes do Ministério do Planejamento e Orçamento.
As estruturas pretendem ligar os municípios de Porto Mauá (RS) a Alba Posse (ARG), Tiradentes do Sul (RS) a El Soberbio (ARG), e Itaqui (RS) a Alvear (ARG). Segundo Gabriel, os encontros são fundamentais para dar agilidade aos projetos.
“Estamos liderando esse movimento para garantir que os estudos e anteprojetos saiam do papel. Nosso objetivo é criar uma base técnica sólida para buscar recursos e iniciar as obras”, afirmou.
Durante a visita à embaixada, o vice-governador entregou dois ofícios a Raimondi. Um deles formaliza o pedido de apoio do governo argentino no diálogo sobre as pontes. O outro solicita a criação de uma Área de Controle Integrado (ACI) entre Alba Posse e Porto Mauá, com o objetivo de aprimorar a fiscalização aduaneira, ampliar o fluxo de pessoas e mercadorias e estender o horário de funcionamento do porto, hoje limitado das 7h às 19h.
Atualmente, a estrutura alfandegária é mantida apenas pelo lado brasileiro, com foco em exportações. O município de Porto Mauá aponta que o lado argentino carece de estrutura para atender à crescente demanda por importações.
Em outra agenda, Gabriel se reuniu com o secretário de Articulação Institucional do Ministério do Planejamento, João Villaverde, que garantiu apoio à iniciativa.
“Estamos à disposição do governo do Estado e vamos tratar esse projeto como prioridade dentro da pasta”, declarou Villaverde.
Projeto já tem contrato com a Caixa
O governo estadual já firmou contrato com a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 553 mil, para elaborar os termos de referência dos anteprojetos das três pontes. O documento também prevê assessoria técnica e análise dos estudos, que deverão estar concluídos nos próximos dois anos. A partir disso, o Estado poderá buscar financiamento federal ou internacional para viabilizar as obras.
A secretária de Planejamento, Governança e Gestão, Danielle Calazans, e o secretário adjunto da pasta, Bruno Silveira, também participaram das reuniões. Gabriel reforçou que a cooperação com o governo argentino é essencial para avançar.
“Estamos alinhando visitas técnicas às áreas de interesse e trabalhando para garantir o compartilhamento de informações e a realização dos estudos topográficos e batimétricos necessários no Rio Uruguai”, explicou.
Gargalos históricos na fronteira
Hoje, o Rio Grande do Sul possui apenas duas pontes internacionais em operação: uma entre São Borja e Santo Tomé, e outra entre Uruguaiana e Paso de los Libres. Uma terceira ligação, entre Porto Xavier e San Javier, está em fase avançada de contratação pelo governo federal.
As novas travessias visam resolver problemas históricos. Em Porto Mauá, a ligação por balsa é constantemente interrompida por cheias do Rio Uruguai, o que pode gerar desvios de até 240 quilômetros. Em Itaqui, a paralisação da balsa por oito meses em 2024 trouxe prejuízos ao comércio local. Já em Tiradentes do Sul, um estudo do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) de 1993 já apontava a necessidade da ponte, mas o projeto nunca avançou por falta de base técnica.
Próximas etapas
Com a contratação da Caixa já em vigor, o cronograma do governo prevê:
- Elaboração dos termos de referência para os anteprojetos;
- Licitação das empresas responsáveis pelos estudos;
- Encaminhamento dos projetos à União para captação de recursos.
A expectativa do Estado é concluir os estudos no prazo de dois anos, abrindo caminho para que os projetos entrem na agenda de investimentos do governo federal e de instituições internacionais.