TRANSPLANTES

Rastreio de doenças dá mais segurança a doações de órgãos no RS

Em nove meses deste ano, Estado já realizou 1.149 transplantes. Os procedimentos são precedidos de testes de HIV, sífilis, toxoplasmose, hepatite e outras doenças

O número de doadores efetivos, nos quais foi possível a retirada de algum órgão, chegou a 158 este ano
O número de doadores efetivos, nos quais foi possível a retirada de algum órgão, chegou a 158 este ano | Foto: Divulgação/SES

O Brasil é considerado como referência internacional, por possuir o maior e mais seguro sistema de transplantes de órgãos e tecidos do mundo. No país, após constatada a morte encefálica de um doador de órgãos e com a concordância da família, é feita uma série de exames para rastrear possíveis doenças antes da doação.

Entre as possíveis moléstias testadas estão HIV, sífilis, toxoplasmose, doença de chagas e hepatites, entre outras. Nesta fase, é realizada a avaliação do quadro clínico do doador. O procedimento é fundamental para a realização da cirurgia. Além disso, o receptor do órgão tem monitoramento periódico das condições de saúde ao longo de toda a vida.

Estado

No Rio Grande do Sul, os exames são realizados por laboratórios dos próprios hospitais. Em alguns casos, por instituições hospitalares da capital, que possuem Organizações de Procura de Órgãos (OPOs). Entre elas, estão a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O Estado não utiliza rede externa de laboratórios privados para a realização desses exames.

“Quando uma equipe ou hospital se habilita para realizar transplantes, é realizada uma vistoria e exigida uma série de certificações e alvarás. Essa fiscalização é feita pela Central de Transplantes da SES”, comenta  o coordenador da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde (SES), Rogério Caruso.

Segundo o Plano Estadual de Doação e Transplantes do Rio Grande do Sul, há 67 Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) no Estado. São formadas por equipes multiprofissionais da área de saúde e têm a finalidade de organizar, dentro dos hospitais, as rotinas e protocolos que possibilitem o processo de doação de órgãos e tecidos para transplantes.

A Secretaria da Saúde também conta com sete OPOs, que estão sediadas em hospitais das macrorregiões Metropolitana, Serra, Vales e Norte. São seis OPOs que fazem a busca ativa de doadores e a notificação de morte encefálica, e uma OPO cirúrgica, composta por equipe de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, responsáveis pela captação e logística de transporte de órgãos.

Mais de mil transplantes

Dados da SES revelam que, de janeiro até 19 de setembro, foram realizados 1.149 transplantes de órgãos no território gaúcho. O número de doadores efetivos, nos quais foi possível a retirada de algum órgão, chegou a 158, equivalente a 30% das notificações dos hospitais sobre pacientes com morte cerebral, potencialmente aptos a doações.

Um percentual que supera a média no país, de 19%, e fica levemente abaixo dos 33% registrados em 2023. Havia, no mês de setembro, cerca de 2,6 mil pessoas na lista de receptores ativos.

Com o objetivo de incentivar a doação de órgãos, o governo do Estado, em conjunto com órgãos públicos, entidades e cidadãos dedicados à causa da doação de órgãos e tecidos, desenvolveu a campanha “O amor vive”. Ela foi lançada em 2023 e visa estimular novos doadores.

Central de procedimentos

A Central Estadual de Transplantes, órgão vinculado ao Departamento de Regulação Estadual (DRE) da SES, organiza o funcionamento das estruturas especializadas para a procura e a doação de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para transplante. Junto das equipes assistenciais dos hospitais, eles constituem a rede de procura e doação.

O órgão é responsável por assegurar a notificação de morte, a avaliação e o acompanhamento de doadores e de suas famílias. O trabalho é realizado de acordo com as características da rede assistencial e em conformidade com as normas complementares do Sistema Nacional de Transplantes.