A suspeita de matar três pessoas da família do marido dela com um bolo envenenado com arsênio em Torres, no Litoral Norte do Estado, em dezembro do ano passado, Deise Moura dos Anjos, recebeu a substância por intermédio dos Correios. A informação foi confirmada pelo chefe da Polícia Civil do RS, Fernando Sodré, nesta terça-feira (28).
Conforme a investigação, a assinatura dela foi encontrada no comprovante de entrega de uma encomenda de arsênio. Ela também era a destinatária do produto. Os dados foram fornecidos pela empresa de correspondência.
“Nós recebemos um dado, informações dos Correios sobre a remessa desse veneno que foi comprado pela internet, onde foi recebido o comprovante da entrega. O comprovante da entrega do arsênio está com a assinatura da acusada”, afirmou Fernando Sodré.
No início de janeiro, a PC havia descoberto que Deise pesquisou pelo veneno na internet. No celular dela, os policiais identificaram a busca pelos termos “arsênio veneno”, “arsênico veneno” e “veneno que mata humano”. O fato provocou o pedido de informações aos Correios.
“Os dados que nós tínhamos de internet, dados de extração de celulares, de nuvem, uma série de coisas que nos deixam muito seguros de que realmente, infelizmente, foi ela a autora e a pessoa que pensou todo esse processo nefasto que levou três pessoas a óbito”, confirmou o delegado.
Tendo em vista o curso da investigação, a polícia solicitou, nesta segunda-feira (27), a prorrogação por mais 30 dias da prisão temporária de Deise Moura dos Anjos. Ela está detida desde 5 de janeiro.
Segundo o delegado de Torres, Marcos Vinicius Muniz Veloso, a solicitação se baseia no entendimento de que “a liberdade de Deise coloca em risco a obtenção das provas”. O Judiciário ainda analisa o pedido.
Investigação
De acordo com o inquérito, o principal alvo de Deise era a sogra dela, Zeli dos Anjos, que preparou o bolo com a farinha envenenada por arsênio. Ela chegou a comer duas fatias do doce e sobreviveu. Zeli e o filho, Diego Silva dos Anjos, prestaram depoimentos no último dia 20. Eles foram descartados da investigação.
Por meio de nota, a defesa de Deise alega que “as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso” e que “aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação”.
Deise também é suspeita de ter provocado a morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que morreu por envenenamento em setembro do ano passado. Na época, a casa do falecimento foi atestada como intoxicação alimentar.