CULTURA

Criado na Serra Gaúcha, gênero musical bugio é reconhecido como patrimônio cultural imaterial do RS

Registro oficial valoriza gênero musical gaúcho e fortalece políticas públicas para preservação

O evento contou com apresentações de grupos musicais de São Francisco de Assis e de São Francisco de Paula - Foto: Solange Brum/Ascom Sedac
O evento contou com apresentações de grupos musicais de São Francisco de Assis e de São Francisco de Paula - Foto: Solange Brum/Ascom Sedac

O bugio agora integra a lista de patrimônios culturais imateriais do Rio Grande do Sul. A assinatura da portaria ocorreu nesta terça-feira (12), no Teatro Oficina Olga Reverbel, em Porto Alegre.

O secretário da Cultura, Eduardo Loureiro, o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), Renato Savoldi, e os prefeitos de São Francisco de Assis e São Francisco de Paula participaram da cerimônia. A portaria foi publicada no Diário Oficial do Estado no mesmo dia.

Segundo Loureiro, o reconhecimento valoriza a cultura e a economia criativa.

“O bugio é de São Francisco de Assis, de São Francisco de Paula e, acima de tudo, do Rio Grande. Quem ganha é a cultura gaúcha”, disse.

Processo cumpriu todas as etapas legais

O pedido de registro partiu dos dois municípios. O processo no Iphae incluiu pesquisa documental, bibliográfica e de campo, além de parecer técnico submetido à Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial.

Após a aprovação, o gênero foi incluído oficialmente como bem cultural, o que possibilita medidas de salvaguarda, como festivais, oficinas e ações educativas.

Evento celebrou a música e a dança

A cerimônia contou com apresentações musicais e de dança de grupos das duas cidades. Representantes de São Francisco de Assis tocaram músicas como “Nasceu o bugio”, de Amir Marques, “Voltando à querência”, de Francisco Luzardo e Ênio Medeiros, e “Bugio na praça”, de Salvador Lambert e Walter Morais.

Já os grupos de São Francisco de Paula apresentaram “O casamento da Doralícia”, dos Irmãos Bertussi, “Levanta bugio”, de Leonardo, e “Gaúcho e tanto”, de Leo Ribeiro, Ângelo Marques e Ricardo Marques. A música “O bugio é gaúcho”, de Leo Ribeiro e Paulo Ricardo Costa, foi executada em conjunto pelas duas comitivas, simbolizando a união entre os municípios.

Origem e características do bugio

O bugio é executado no acordeão com um toque característico chamado “sincopado”, em compasso binário simples. O som remete ao canto do macaco bugio, animal típico do Estado.

Embora a origem tenha diferentes versões, o gênero é reconhecido como expressão identitária da cultura gaúcha. Inicialmente tocado na gaita de botão, incorporou instrumentos como bateria, violão e contrabaixo.

Patrimônio gaúcho ampliado

O bugio é o quinto bem registrado como patrimônio cultural imaterial do Estado. Antes dele, foram reconhecidos os modos de fazer cuca artesanal, queijo serrano, artesanato em palha de butiá e o sistema cultural e socioambiental da erva-mate.