ALIMENTAÇÃO

Em 70 dias, preço da dúzia de ovos aumenta 78% no RS

Alta acumulada no preço da proteína é calculada pela Emater, desde o fim de novembro do ano passado junto à Caesa/RS

Dúzia de ovos brancos subiram 78% em dois meses e meio - Foto: Divulgação/ABPA
Dúzia de ovos brancos subiram 78% em dois meses e meio - Foto: Divulgação/ABPA

O valor da dúzia de ovos brancos registrou alta de até 78,37% na Central de Abastecimento no Rio Grande do Sul (Ceasa/RS), desde o final de novembro do ano passado. Conforme o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, o preço da dúzia da proteína deve baixar por volta de abril ou maio deste ano. O RS é o quinto estado maior produtor do país, atrás de São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais.

A alta acumulada se refere ao período entre 26 de novembro de 2024 e 18 de fevereiro deste ano. O preço da dúzia começou a subir aceleradamente desde 28 de janeiro, passando de R$ 6,00 para R$ 8,33 para o produtor. O dado é do Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, após levantamento junto à Ceasa.

O presidente lembra que as enchentes no Rio Grande do Sul, no ano passado, afetaram altamente as estruturas dos aviários nas regiões produtoras gaúchas, a exemplo do Vale do Taquari, além dos animais que foram levados pelas águas.

“Isso tudo mexeu com o setor, fora as condições de logísticas de abastecimento, muitos aviários ficaram sem ração e estradas e pontes foram destruídas prejudicando o escoamento da produção”, salienta.

Ainda segundo Santos, na sequência dos problemas, o presidente da Asgav apontou a identificação de um foco da doença de Newcastle, em julho do ano passado, em uma granja de criação comercial de aves para corte no município gaúcho de Anta Gorda. Devido a estes fatores, o produtor ficou cauteloso.

“As altas temperaturas que tivemos nas últimas quatro semanas, e que retornarão novamente, afetam o sistema produtivo. As aves diminuem o peso, se alimentam menos, têm um estresse calórico. Isso faz com que tenhamos dificuldades de ter uma produção dentro do normal”, explica.

O presidente da Asgav acrescenta que a alta nos preços é um fenômeno que atingiu o Brasil todo, mas que o Rio Grande do Sul tem seus próprios agravantes. Entre eles, a estiagem e os efeitos na lavoura do milho para a alimentação das aves e o atraso na logística. Entretanto, garante que há produção para atender o mercado interno.

Cenário nacional

Assim como o Estado, o centro do país também terá que aguardar cerca de dois ou três meses para os ajustes nos preços. Nos estados que compõem a região, o valor da dúzia de ovos está ainda mais elevado, o que levou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) a emitir um comunicado. No documento, esclarece que a elevação dos preços é uma situação sazonal e comum no período pré e durante a quaresma.

“Vale ressaltar que os custos de produção acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens. Ao mesmo tempo, as temperaturas em níveis históricos têm impacto direto na produtividade das aves, com reflexos na oferta de produtos. Mesmo com estes fatores, os produtores esperam que o mercado deverá se normalizar até o final do período da quaresma, com o restabelecimento dos patamares de consumo das diversas proteínas”, diz a nota.