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Com prisão em Caxias do Sul, Polícia desarticula facção que faturou cerca de R$ 30 milhões com o narcotráfico

Organização criminosa era investigada desde 2021. A quadrilha atuava no RS e mais quatro estados brasileiros

Foto: Divulgação/PC
Foto: Divulgação/PC

A Delegacia de Repressão a Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) deflagrou, nesta quarta feira (04), a fase 4 da  Operação Irmandade. A ação é coordenada pelo delegado Adriano Nonnenmacher. Foram cumpridas 41 medidas cautelares dentre prisões preventivas, mandados de busca e indisponibilidade de contas bancárias e ativos financeiros.

Três homens foram presos durante a manhã. Um deles, estava em Ijuí, e foi encontrado com armas. Os outros dois, de forma preventiva, sendo um em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre.

O outro suspeito foi preso em Caxias do Sul. Trata-se de um grande operador financeiro e logístico da cidade. Conforme a Polícia, recentemente, ele havia sido preso em flagrante com drogas e armas pela DRACO local. Ele também já foi indiciado por envolvimento em roubos a bancos.

De acordo com a corporação, a operação envolveu 80 policiais, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina/SC e Paraná/PR. Eles receberam o apoio do Departamento de Polícia do Interior, através das DRACOS/DPs locais, bem como Denarc/PR, DEIC/SC e Polícia Penal gaúcha.

Além de Caxias, Alvorada e Ijuí, também ocorreram ações em Porto Alegre, Esteio, São Leopoldo, Charqueadas, Imbé, Bagé, Santo Ângelo, Erechim, Viadutos, Dois Lajeados, Palhoça/SC e Cascavel/PR.

Operação Irmandade

Nesta quarta fase, um novo escalão de operadores financeiros, no âmbito da Operação Irmandade, movimentou no sistema financeiro, a quantia de R$ 6.841.035,38. Os criminosos utilizaram várias tipologias de burlas ao controle administrativo, dentre estruturação, pulverização, smurfings (fracionamento de valores em quantias menores, de forma a evitar o rastreamento e a identificação das operações financeiras ilícitas).

Ainda segundo a Polícia, um casal de Porto Alegre/Alvorada, diretamente ligado às lideranças (um dos presos), seriam os responsáveis por receber e gerenciar valores milionários, de várias regiões do interior do Estado gaúcho, Santa Catarina e Paraná. O dinheiro era usado como forma de pagamento pela distribuição de entorpecentes, tentando mascarar tais valores mediante informações falsas às instituições bancárias.

O modus operandi, nas quatro fases, além de dissimulações no sistema financeiro, eram ocultação de bens imóveis, veículos de luxo em nome de laranjas, retirada de ativos apreendidos em Delegacias mediante fraude, cadeia de procurações dissimuladas, contratos ideologicamente falsos, dentre outras condutas sofisticadas de lavagem de capitais.

Fases anteriores

As fases 1 a 3 da Operação ocorreram entre maio de 2021 a fevereiro de 2024 e se estendeu por cinco estados (RS, SC, PR, BA, PA). Foram indiciados 47 pessoas, e presos preventivamente os líderes e gerentes, considerados de alto escalão do crime organizado gaúcho.

Os suspeitos são integrantes de uma organização criminosa sediada no Vale dos Sinos e Porto Alegre, associados a uma facção de âmbito nacional. Um dos gerentes financeiro e logístico, foragido desde a fase 1, que mora em São Leopoldo, foi capturado em 2023, em Fortaleza/CE.

Na fase 3, em dezembro do ano passado, a Polícia cumpriu mandado de busca, no Bairro Vicentina, em São Leopoldo, contra um assaltante a banco que integrava quadrilha que atuou no início dos anos 2000. Entretanto, ele não encontrado na residência.

Outro alvo de mandado de busca e bloqueio de contas bancárias, nesta terça, é um paranaense, com condenação por tráfico interestadual de drogas, entre os estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Ele é suspeito de transacionar ativos em ocultação, com os gerentes da célula gaúcha.

Dados totais

Segundo a Polícia Civil, nas quatro fases da operação, foram implementados e cumpridos mais de 450 medidas cautelares investigativas e de restrição. Entre elas, afastamentos de sigilos bancários, fiscais, financeiros (por duas vezes), telemáticos, mandados de busca, prisões preventivas, sequestro e indisponibilidade de bens móveis e imóveis no RS e SC, em cerca de R$ 10.5 milhões. O total movimentado pelos alvos nas quatro fases, no sistema financeiro, ultrapassa a R$ 30 milhões.

Policiais cumpriram mandados de prisão, e de busca e apreensão, em 15 cidades do RS, SC e PR (Fotos: Divulgação/PC)