O princípio de incêndio que atingiu o prédio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Porto Alegre, na última sexta-feira (24), provocou uma discussão sobre a fragilidade dos prédios ocupados pela Polícia Civil no Estado. Os policiais que trabalhavam no local tiveram que deixar o prédio às pressas.
As causas do incêndio no prédio F da antiga CEEE estão sendo apuradas, mas existe a suspeita que o sinistro teria acontecido devido a uma sobrecarga do sistema de energia. Fato que pode ter sido causado pela utilização de muitos ventiladores na tentativa de amenizar o calor extremo no interior do prédio. Neste domingo (26), foi identificado o terceiro foco de incêndio no local, onde também funciona a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do Estado do Rio Grande do Sul (SPGG).
Segundo informações da direção do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil (Ugeirm), no início daquela semana, os servidores já haviam reclamado da falta de ar-condicionado e do excesso de calor no local. Desde que o Deic foi deslocado de forma provisória para o prédio atual, devido às enchentes de maio, os policiais estão trabalhando em condições insalubres.
A entidade sindical diz que obteve a promessa de instalação de aparelhos de ar-condicionado, que não foi cumprida por parte da Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP/RS). Com isso, os servidores trabalham em ambiente com calor extremo, inclusive, com casos de policiais passando mal devido ao calor.
Fragilidades
Ainda de acordo com a Ugeirm, no Palácio da Polícia, têm instalações sem condições para atendimento ao público. Um exemplo é o caso das denúncias acontecidas no ano passado, em relação a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), de Porto Alegre. No interior do Estado, a precariedade de muitos locais de atendimento também preocupa a direção do sindicato.
“A ironia dessa situação é que o Deic foi celebrado na semana passada, por conseguir recuperar mais de R$ 250 milhões aos cofres públicos, através de ações policiais de combate à corrupção. No entanto, os seus policiais não tem nem mesmo um ar-condicionado a disposição e são submetidos aos riscos de um incêndio pelas péssimas condições do prédio onde trabalham”, salienta o presidente da Ugeirm, Isaac Ortiz.
Medidas
Diante da situação, a diretoria da Ugeirm decidiu que vai exigir providências da Secretaria de Segurança Pública.
“O sindicato vai procurar os órgãos competentes, como o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil, para que seja feita uma averiguação das reais condições de segurança do prédio do Deic. Queremos saber se o prédio possui o PCCI e se o alvará de funcionamento está em ordem. Além disso, vamos exigir a instalação de ar condicionados em todo o prédio e que seja feita uma vistoria criteriosa de toda a rede elétrica”, afirma o vice-presidente, Fabio Castro.
Ainda segundo Fabio, a Ugeirm vai retomar a exigência de fiscalização da existência de PCCI em todas as delegacias de polícia do Estado.