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Rebaixamento, mudanças na direção e relação com a torcida: presidente do Juventude faz balanço sobre o 2022 da equipe

Sem chances de erro, equipe busca um 2023 mais competitivo

JUVENTUDE
Foto: Fernando Alves

Após o final de 2021, as perspectivas sobre o desempenho do Juventude em 2022 eram muito boas. Pelo segundo ano consecutivo a equipe estaria na elite do futebol nacional, mas o que aconteceu foi o contrário. Má campanha no Gauchão, rebaixamento na Série A do Campeonato Brasileiro, mudanças no elenco de jogadores e também na direção da equipe e ainda a relação ruim com a torcida.

Todos estes temas foram discutidos por Fábio Pizzamiglio, presidente do Juventude, em entrevista exclusiva ao Grupo RSCOM.

O ano da equipe caxiense não começou bem, com uma campanha muito abaixo do esperado e flertando com o rebaixamento no Campeonato Estadual, a temporada seguiu para a disputa do Brasileirão.

A campanha no campeonato nacional não poderia ter sido pior. Em 38 rodadas, apenas três vitórias, nenhuma delas no returno da competição, o que culminou no rebaixamento com a pior campanha no torneio. No entanto, o ano serviu para que o clube contornasse situações delicadas para que se tenha um 2023 mais competitivo.

Pizzamiglio iniciou a entrevista fazendo um balanço da temporada 2022:

“2022 foi um ano muito difícil para nós. Iniciamos com uma esperança, tivemos um orçamento até maior que me 2021, fizemos contratações que no papel eram para dar certo. Os outros times até falavam que nós tínhamos uma boa perspectiva e nós tínhamos a esperança de que fosse dar certo, mas acabou que o time não encaixou. Desde o Gauchão tivemos resultados inferiores aos que a gente esperava. Reforçamos o time para o Campeonato Brasileiro, mas não tivemos o retorno das contratações que acabaram vindo. Infelizmente foi um ano que não podemos dizer que é para esquecer, temos que tirar aprendizados mas não seguiu nada do que a gente havia planejado”, avaliou o presidente do clube.

Ao longo da temporada, sem ter resultados dentro de campo, a baixa adesão da torcida em ir ao estádio Alfredo Jaconi ficou evidente. O atual mandatário entende que o não comparecimento dos torcedores ao estádio não é culpa dos torcedores:

“Antes de iniciar o Brasileiro a gente até fez algumas campanhas de ingresso. Reduzimos o valor do ingresso porque a gente queria que a torcida estivesse junto no Brasileiro Série A. Tínhamos a promoção do ingresso a R$25, o ingresso antecipado a R$40, o que é muito abaixo do que qualquer outra equipe de Série A faz. Como dentro de campo a gente acabou não correspondendo, é óbvio que a torcida não tinha como acompanhar. A gente acabou perdendo a efetividade em campo, o que não pode acontecer em momento algum. A gente via um pouquinho a frente, no segundo turno, nós já tínhamos uma perspectiva de rebaixamento”

Outro assunto abordado foi a mudança na direção e as metas para a temporada 2023 com as receitas mais curtas e o experiente técnico Celso Roth:

“Já na contratação dele (Celso Roth) era uma prerrogativa nossa de utilizarmos a base, até pelos níveis de orçamento que a gente tem. Precisamos rentabilizar em cima da base e isso já foi trabalhado com o Roth. Ele enfatizou que o Juventude só daria certo quando utilizasse a base. Isso veio de encontro com que a gente tinha de ideia em 2023. Alguns atletas a gente até já utilizou no final da Série A”.

Mesmo com a equipe utilizando diversos atletas da base, outros jogadores mais experientes também vão compor o elenco, entre eles o lateral Alan Ruschel. Algumas contratações ainda são esperadas como um camisa 9 e um 10, outras que já se concretizaram em parceria com grandes clubes. Essas contratações visam manter a competitividade, tendo em vista a dificuldade que a Série B apresenta.

A partir do dia 21 de janeiro a equipe faz a estreia no Campeonato Gaúcho diante do Internacional e a preparação para esta competição é fundamental, como enfatizou Pizzamiglio:

“Pretendemos deixar o time quase pronto. Nós temos um diferencial neste ano que a janela (de transferências) fecha antes da finalização dos estaduais. O time que finalizar o Gauchão vai iniciar a Série B. Nós temos que ter um Gauchão bom, alinhar o time ainda dentro Gauchão para poder já iniciar a Série B bem. Por isso começamos a contratar cedo, nós deixamos quase todo o time em pré-temporada desde o dia 12 (de dezembro).”

A necessidade de resultados urgentes, tendo em vista esta temporada do clube, também foi um ponto debatido. Segundo o presidente não faltou empenho dos atletas ao longo deste ano porém o resultado deixou de vir, o que acarretou no rebaixamento.

“Reforçar, tentar errar menos. O Juventude não tem chance de erro, em todos os anos foi assim. A gente sempre tem que fazer apostas, nosso orçamento sempre vai ser curto e isso dificilmente vai mudar então, tirando o ano de 2022, nos outros as nossas apostas deram mais certo do que não (deram certo), mas isso não justifica um ano tão mau”.

Sobre o futuro do clube, as metas estão bem claras: retorno à elite do futebol brasileiro e campanha consistente no Gauchão aliado a venda de atletas para que haja fluxo de caixa.

“Algo que a gente sempre está pregando nos últimos anos no Juventude é gastar mais do que se tem. Em termos de direção não vamos fazer isso, porque isso foi o que levou o Juventude a ficar até sem Série. Quando a gente caiu da Série A, de lá até ficar sem Série nós utilizamos um orçamento que a gente não tinha. E como a gente vai se manter no orçamento, é errar menos e ir muito mais atrás de informações dos jogadores que a gente está trazendo. A torcida tem que sentir que este time quer ganhar, que ele vais disputar, ele vai pelear”, finalizou Fábio Pizzamiglio.

No dia 21 de janeiro, sábado, o Juventude estreia no Campeonato Gaúcho diante do Internacional, no estádio Beira-Rio.