Nesta terça-feira (22), a partir das 19h o Inter tem um duelo decisivo pela Copa Libertadores. Diante do Bolívar, a equipe de Eduardo Coudet faz o primeiro jogo das quartas de final na cidade de La Paz, capital da Bolívia. A qualidade do adversário, que nesta edição bateu o Palmeiras e eliminou o Athletico-PR se soma a força da equipe dentro da temida altitude.
Na primeira fase, a equipe da capital boliviana terminou em segundo lugar do Grupo C, com 12 pontos (nove deles em casa, 100% de aproveitamento), e nas oitavas eliminou o Athletico-PR nos pênaltis (na Bolívia, outra vitória por 3×1), por isso a questão da altitude deve ser levada, e muito, em consideração.
O estádio Hernando Siles, com capacidade para cerca de 45 mil torcedores, é o sétimo estádio com maior altitude no mundo, com 3.637 metros acima do mar. Os prejuízos por atuar neste tipo de ambiente são diversos na parte respiratória, assim como explica a médica Cardiologista com pós-graduação em Medicina do Esporte Rosana Cruz:
“Primeiramente a gente tem que entender que no ar ambiente, 21% da concentração é de oxigênio e com o aumento da altitude essa pressão parcial de oxigênio vai diminuindo. O ar fica mais rarefeito e vamos ter algumas alterações fisiológicas que o corpo vai tentando se adaptar a isso. Quanto maior a altitude mais essas alterações ocorrem. A partir de 2.000, 2.500 metros de altitude já se identificam muitas alterações, começando pela parte respiratória onde o indivíduo começa a apresentar um aumento na frequência respiratória para tentar capturar mais oxigênio”, explicou ela.
Porém, não é só a parte respiratória que sofre mas também a cardiovascular e cerebral. Todos essas alterações podem ser sentidas em ambientes como o de La Paz:
“Do ponto de vista circulatório, cardiovascular, a frequência cardíaca aumenta, a pressão arterial também pode aumentar com o aumento da altitude. Os riscos aumentam também já que o cérebro pode inchar e isso causa cefaleia (dor de cabeça). Os sintomas se expressam na parte pulmonar pela falta de ar, na cardiovascular pela palpitação e na cerebral pela tontura. A pessoa também pode ter dificuldade em tomar decisões, o que com certeza pode alterar o desempenho do atleta”, complementa Cruz.
A musculatura dos atletas também podem vir a ser afetadas, já que o aporte de oxigênio é diminuído, causando então a fadiga mais rapidamente, cansando em um menor espaço de tempo. O famoso “Mal da Montanha” se caracteriza também por edema cerebral e edema pulmonar que se em altitudes muito elevadas, acima de 5.000 metros podem até levar a morte. Mas lembrando que cada tipo de pessoa responde de uma forma diferente a estes tipos de região.
Preparação do Inter na altitude de La Paz
Para tentar melhorar o rendimento dos atletas Colorados, o Clube montou uma preparação diferente. A delegação chegou ontem à tarde em Santa Cruz de la Sierra onde passaram a noite. Ali eles estão há cerca de 400 metros acima do nível do mar. No final da manhã desta terça-feira eles rumam então para La Paz, com a intenção de sentir menos os efeitos da altitude.
Os goleiros Colorados também se preparam de uma forma diferente. Rochet, Keiller e Emerson Júnior treinaram com bolas enchidas com gás Hélio, para simular a maior velocidade que o ar rarefeito impõe nas ações do jogo.
Desempenho do Bolívar na altitude nesta Libertadores
Até aqui foram disputados quatro jogos no estádio Hernando Siles, e nenhum visitante conseguiu sair com resultado positivo, já que foram quatro vitórias bolivianas.
- Bolívar 3×1 Palmeiras
- Bolívar 1×0 Barcelona Guayaquil
- Bolívar 2×0 Cerro Porteño
- Bolívar 3×1 Athletico-PR
Ao todo, foram marcados nove gols e sofridos apenas dois, o que demonstra a grande força do Bolívar dentro de sua casa na atual edição da competição continental.