Carlos Barbosa

Auriverde e Torinense são os campeões do municipal de Futebol de Carlos Barbosa

Foto: Divulgação
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A bola rolou e as taças foram levantadas ao final de 90 minutos, mais o tempo necessários para que todas as unhas fossem roídas com as cobranças de pênaltis. Dois jogos e duas decisões nas penalidades, alias, o termo penalidade lembra a sanção imposta legalmente, um castigo por um ato que foi, ou deixou de ser executado. No caso do futebol, não ter feito o gol derradeiro.

Mas nem de perto podemos imputar uma culpa tamanha a dois jogos que foram disputados até a estafa dos 22 bravos de cada lado do campo. 44 se considerarmos os quatro times. Passando de 50 se levarmos em conta as substituições. Um jogo pegado, mas dentro da lealdade e, o melhor, sem interferência decisiva da equipe de arbitragem. Na várzea não há espaço para o VAR.

Os primeiros a sentirem o cheiro da grama em Arco Verde, interior de Carlos Barbosa, foram os atletas da categoria Aspirantes. O jogo antecessor, que terminou empatado em 1×1 estava fresco na memória e indigesto nas entranhas das equipes do Juventude e do Torinenes. Ambos tiveram chances de sair com a vantagem para a finalíssima, mas persistiu o empate.

O jogo, que em instantes seria iniciado, definiria quem sorriria e quem choraria ao final do percurso. Nada disso. Passaram os primeiros 45 minutos, mais os 15 de intervalo e os outros 45 da etapa final. O árbitro ergueu o braço e apontou o centro de campo. Ninguém pôs a bola para dormir em seu berço de barbante. Seguiu o empate. 0X0. Então, o carrasco de apito em punho pôs a bola na marca da cal. De lá partiram as cobranças que alçaram o Torinense a glória.

E como o destino é um senhor sarcástico rindo de nossa cara, coube ao goleiro do Torinense, aquele que durante todo o jogo impediu que a bola entrasse e, poucos minutos antes, havia defendido uma cobrança, encerrar a disputa. William Somense, o Chitão, respirou profundamente. Dizem os mais atentos, que fechou os olhos na hora do chute e só voltou a abri-los depois ouvir a vibração de seus companheiros. Era definido o primeiro título da equipe.

Após a festa dos Aspirantes, surgem em campo os atletas da categoria Principal. Acostumados as disputas e talhados a carrinhos e divididas. Os mais de 1500 espectadores, que estavam nas arquibancadas, entre grandes goles de cerveja, mordidas vorazes em pastéis recém-fritos, e cornetas gritadas encostados no alambrado, puderam acompanhar outra batalha.

Pablo Carlotto marcou para o Cruzeiro. Ouviu-se o murmúrio de desalento partindo dos apaixonados torcedores. Alguém deve ter cogitado que essa seria o golpe final. E assim seguiu, até que, quase ao apagar das luzes: pênalti para Auriverde. Quem seria o encarregado desta tarefa hercúlea. O zagueiro? Muita truculência. O camisa 10? Não. Deveria ser um meio termo, um camisa 8. E assim Dirceu chamou para si a responsabilidade.

Naqueles instantes, o silêncio. Ouvia-se ao longe o roçar de dedos em um rosário numa reza suplicante. Dirceu secou a testa. Olhou no fundo dos olhos do arqueiro. Como transpor aquela barreira? Correu em direção a meta. Gol. Estava novamente empatada a partida. Não havia mais goles de cerveja, mordidas em pastéis ou gritos de corneteiros no alambrado. Havia apenas o alívio.

Fim de jogo. 1X1. Se reuniram todos no centro do campo. Os mais desgastados sentiam os músculos das pernas trepidando. Nem o melhor fisiatra saberia dizer se pelo cansaço ou pelo nervosismo do momento. Eis que surge a lista. Cinco nomes de cada lado. Iniciaram as cobranças de pênalti.

Os tiros foram sucedidos, até que o descuido fez com que um jogador do Cruzeiro perdesse sua cobrança. Lembra do destino aquele senhor sarcástico? Quem seria o próximo a chutar, senão aquele que já havia deixado tudo igual no jogo. Ele. O Camisa 8. Dirceu. Mudaria a cobrança? Tentaria algo novo? Sentiria a pressão? Talvez se fosse um camisa 10, jamais um camisa 8. E assim partiu. Marcou o gol. Auriverde campeão.

Essa é a 11ª conquista da equipe. A maior vencedora do sexagenário campeonato municipal de Futebol de Carlos Barbosa. A nós, meros espectadores resta parabenizar as equipes e o glorioso trabalho desenvolvido pela Liga Carlos Barbosa de Futebol, que, em uma tarefa que serve de exemplo para todas as demais ligas de futebol do Estado, merece nossos aplausos.

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