Mães, pais e alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Jardelino Ramos, de Caxias do Sul, se reuniram em uma manifestação no início da tarde desta segunda-feira (06) diante da insatisfação com a atual gestão da instituição. Em frente à Secretaria Municipal de Educação (SMED), o grupo, de 22 pessoas, pediu a troca da direção da escola, localizada no bairro Presidente Vargas, além de mais atenção aos alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que frequentam a instituição.
O protesto ocorre menos de uma semana após a reportagem de Leouve denunciar que auxiliares de limpeza e merendeiras da EMEF Jardelino Ramos eram impedidas pela direção de comer no refeitório da escola, sendo obrigadas a realizar refeições no mesmo depósito em que são armazenados os materiais de limpeza.
Algumas mães tiveram uma breve reunião com a secretária adjunta da parta, Simone Selbach, nas dependências da SMED, mas sem avanços nas discussões. Segundo os pais, já foram protocoladas diversas reclamações contra a diretora da escola na SMED desde 2023, mas sem nenhum retorno ou medida tomada. Eles afirmam que, até o momento, suas demandas apenas foram ouvidas, sem respostas concretas para solucionar os problemas.
Jussara Monteiro, fundadora da Associação TEAJuntos e mãe de um aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que frequenta a escola, relatou o sentimento de exaustão e falta de diálogo das famílias com a gestão da instituição:
“Nossos filhos enfrentam grandes problemas e a escola se cala. A direção omite problemas com nossos filhos, toma celulares de pais enquanto filmam, intimida famílias e fecha o portão na cara. Estamos aqui pedindo, implorando, que a SMED olhe por nós”, desabafou.
Segundo Jussara, o grupo também solicitou uma auditoria das eleições que reelegeram a atual gestão da escola. Ela afirma que o processo não foi conduzido de forma transparente:
“Na reunião de hoje, enfatizamos uma coisa que nunca tínhamos enfatizado, que foram as eleições com pouca transparência. As cédulas não tinham opção de voto nulo, levando crianças e familiares a sinalarem a opção da chapa da diretor atual. E nisso, mesmo assim, obteve só 60% dos votos. Então hoje nós exigimos que haja uma consulta em relação a essa eleição que não foi transparente para nós. Não queremos mais a atual diretora e seus suplentes, que são os vices. Queremos uma nova direção”, afirma.
Segundo o grupo, nenhum retorno foi dado sobre esta solicitação durante a reunião.
O que diz a SMED:
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que recebeu as pessoas que estiveram na sede da pasta e acolheu as demandas apresentadas “para que sejam tomadas as medidas cabíveis”.
Sobre o espaço destinado às refeições das funcionárias auxiliares de limpeza e merendeiras na EMEF Jardelino Ramos, a secretaria informou que o local foi desativado no mesmo dia em que tomou conhecimento da situação, e que um novo espaço foi designado na mesma data.
A SMED também destacou que, no atendimento a crianças e estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), os professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE) possuem capacitação específica e recebem formação continuada ao longo do ano letivo. A pasta acrescentou ainda que “cada caso é tratado em sua singularidade” e que permanece à disposição para acolher as famílias em relação ao tema.
Em relação às reclamações contra a direção e ao questionamento da reportagem sobre haver ou não uma sindicância aberta, bem como sobre a solicitação de uma auditoria da eleição, a pasta não se manifestou até o fechamento desta matéria. A reportagem será atualizada quando houver um posicionamento.
Confira a nota na íntegra:
A Secretaria Municipal da Educação (SMED) recebeu as pessoas que estiveram na SMED nesta segunda-feira (06/10) e acolheu as demandas apresentadas para que sejam tomadas medidas cabíveis.
Em relação ao espaço para refeições que era utilizado pelas funcionárias da Codeca na EMEF Jardelino Ramos, ele foi desativado no mesmo dia em que a SMED tomou conhecimento; o novo espaço foi designado na mesma data.
Em relação ao atendimento a crianças e estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), os professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE) possuem capacitação para atuação na área e é ofertada formação continuada ao longo do ano letivo. Cada caso é tratado na sua singularidade e a SMED está sempre à disposição para acolher as famílias em relação à temática.