Os profissionais das 50 escolas de Educação Infantil da Gestão Compartilhada de Caxias do Sul paralisaram as atividades nesta segunda-feira (5). Centenas de profissionais protestaram em frente a Secretaria Municipal da Educação (Smed).
O grupo relata que o ato é um reflexo das condições precárias de trabalho enfrentadas há anos pela categoria. Falta de profissionais, materiais pedagógicos e produtos de limpeza são algumas das pautas. Ventilação adequada, estufas para o frio rigoroso e cadeiras apropriadas para o trabalho administrativo também fazem parte da reinvindicação. Além disso, eles cobram equidade com os servidores concursados do Município.
Insatisfação
A diretora do Sindicato dos Empregados em Entidades, Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional (Senalba/Caxias do Sul), Débora Leite, relata uma série de dificuldades enfrentadas pela categoria, o que acaba precarizando o serviço realizado. Dentre os entraves está a falta de professoras na rede e o consequente adoecimento de profissionais por acúmulo de trabalho, bem como a falta de infraestrutura:
“No verão não tinha ventilador para as crianças. Agora no inverno, se a gente liga as estufas, acaba caindo a energia dentro da escola. É uma série de problemas que vem se acumulando entre as educadores e funcionárias”, afirma.
A professora Sheila Morrudo, que há anos atua em uma escola de educação infantil no bairro Diamantino, relatou diversos descontentamentos. Segundo ela, os principais problemas enfrentados são a falta de profissionais, o acúmulo de crianças por turma, alimentação inadequada e falhas no planejamento.
“A gente leva muita coisa pra casa, porque não pode deixar as crianças desassistidas na escola. Existe uma fiscalização, mas só para cobrança”, desabafou.
Além disso, a educadora destacou que os protestos da categoria não se limitam à questão salarial, mas envolvem também a precariedade da infraestrutura, o atendimento às famílias e a falta de suporte tanto das instituições conveniadas quanto da SMED.
Por fim, o presidente do Senalba/Caxias do Sul, Claiton Melo, relata que o índice inflacionário ofertado aos trabalhadores, é abaixo quando comparado com o recebido pelos servidores concursados quando analisados os últimos anos. Ele avaliou o protesto como satisfatório, apesar de, segundo ele, muitos profissionais da educação foram pressionados e tiveram receio de participar do ato.
“A gente quer pedir desculpas às famílias, mas esse ato drástico foi necessário, porque a educação infantil não está no centro das atenções”, ressaltou.
Melo não descarta a necessidade de realizar novas paralisações, mas acredita que a mobilização desta manhã tenha chamado a atenção do poder público para o problema.
O grupo permaneceu no local até as 11h e depois seguiu para a Praça Dante Alighieri, onde um almoço será servido aos participantes.