
Caxias do Sul - A investigação sobre o ataque à professora dentro de uma sala de aula em Caxias do Sul deve ser concluída ainda nesta semana ou, no máximo, no início da próxima. A estimativa é do advogado da vítima, Reginaldo Leonel Ferreira, que acompanha o caso.
Segundo ele, a educadora prestou depoimento à Polícia Civil na manhã de segunda-feira (07), em uma etapa considerada delicada, mas necessária. “Foi um momento difícil e não poderia ser diferente. Ela ficou bastante mobilizada em ter que relatar tudo o que aconteceu, mas a equipe que a atendeu tem experiência e acolheu muito bem. Isso foi fundamental”, relatou o defensor.
Ferreira afirmou que o inquérito segue em ritmo considerado ágil e elogiou o trabalho da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que apura o caso. “Entendemos que a investigação está num caminho célere e competente”, destacou.
O caso tramita sob segredo de Justiça, por envolver adolescentes. Por isso, o advogado informou que não pode entrar em detalhes sobre o que teve acesso e sobre o depoimento da professora. O prazo total para a conclusão do processo, no âmbito da Justiça da Infância e da Juventude, é de 45 dias.
Apesar disso, Ferreira acredita que a fase de investigação deve ser encerrada antes. “É um procedimento diferente do da Justiça comum. Aqui, o prazo é para todo o processo, não apenas para a investigação, então o relógio está correndo. Ainda assim, acreditamos que a apuração será finalizada dentro dos próximos dias”, afirmou.
A professora segue em casa, com quadro de saúde estável. Ela recebe atendimento psicológico disponibilizado pela Prefeitura de Caxias do Sul, mas o quadro de saúde ainda exige cuidados. “Ela não corre riscos, mas ainda é uma situação delicada”, disse Ferreira.
A vítima também optou por contratar, de forma particular, um enfermeiro especializado. Segundo Ferreira, a opção se deu pela necessidade de receber o atendimento contínuo logo. “Como tudo aconteceu muito rápido, ela buscou alguém com boa capacidade”, acrescenta.
Desde o início do caso, a professora optou por não se manifestar publicamente. Na semana passada, o advogado já havia informado que, além da apuração criminal, a defesa cogita buscar a responsabilização do município. Na avaliação de Ferreira, o ataque não pode ser tratado como um episódio isolado.
O caso
O ataque ocorreu no dia 1º de abril, na Escola Municipal João de Zorzi, no bairro Centenário. Três adolescentes, com idades entre 13 e 15 anos, são suspeitos de participação. Dois deles, ambos meninos, já estavam internados em unidades da Fase desde a data do ocorrido. A terceira adolescente, uma menina de 13 anos, foi apreendida na quinta-feira (3) por ordem judicial.
O caso é tratado como crime análogo à tentativa de homicídio. Em entrevista na semana passada, o delegado regional da Polícia Civil, Augusto Cavalheiro Neto, afirmou que a frieza dos jovens surpreendeu, até mesmo, os policiais. Segundo ele, eles estavam tranquilos e cientes das consequências. “Perguntamos se eles sabiam que seriam presos, e eles responderam: ‘Sim, a gente sabia’”, contou.
Fonte: Correio do Povo