Moradores de Caxias do Sul e região seguem manifestando descontentamento com aumentos considerados abusivos nas contas de energia elétrica. Em relatos divulgados nas redes sociais e no site Reclame Aqui, consumidores apontam que os valores mais que dobraram, chegando, em alguns casos, a quadruplicar em comparação com os meses anteriores, mesmo sem alteração na rotina ou aumento de aparelhos em uso.
Diversos consumidores relatam valores desproporcionais: faturas que costumavam girar em torno de R$ 150 saltaram para mais de R$ 2.000. Há denúncias de dificuldades no atendimento por parte da RGE e ausência de retorno nas solicitações de reanálise de consumo.
Diante da repercussão, a reportagem do Leouve ouviu o gerente de serviços comerciais da Rio Grande Energia (RGE), Fábio Calvo. Conforme apontou em entrevista ao vivo concedida aos comunicadores Kaiobá Sputnik e Maicon Rech no Programa Show da Tarde da Rádio Viva desta segunda-feira (11), o reajuste autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 14,4% no mês de junho, que não ocorreu em 2024 por conta das enchentes que assolaram o estado, é apontado um dos principais fatores.Somado a isso, a ativação da bandeira vermelha patamar 2 em julho e agosto devido ao baixo volume de chuva.
Segundo ele, os aumentos são atribuídos, principalmente, ao maior consumo durante o inverno, já que as oscilações estão diretamente relacionadas ao uso intensificado de aparelhos de aquecimento no presente período e ao impacto da bandeira tarifária.
“Então isso implica em um incremento a cada 100 kW na ordem dos R$ 7,87 aproximadamente para cada 100 kW consumido. Adicionalmente a isso, nós colocamos então esse inverno com algumas ondas de frio desde pelo menos maio nós vamos experimentando essas ondas de frio e que naturalmente fazem com que o cliente consuma mais energia, não só naqueles dispositivos de aquecimento, como o ar-condicionado, aquecedores em geral, mas também no chuveiro, toma aquele banho mais quente, aquele banho mais demorado, a própria abertura de geladeira, por exemplo, numa troca de calor da temperatura que está mais baixa, quando faz a troca de calor com a geladeira faz com que o motor trabalhe mais”, afirmou Calvo.
O gerente citou o caso de um cliente que adquiriu um aquecedor, utilizado em média por três horas por dia. O uso do equipamento teria triplicado o valor da fatura. Segundo ele, esse tipo de alteração no hábito de consumo é comum e muitas vezes passa despercebida pelos usuários.
A RGE afirma que o processo de faturamento passa por diversas etapas de verificação antes da emissão final da conta.
A concessionária também explicou que, nos casos em que a leitura não é possível, o faturamento pode ser feito com base na média dos últimos 12 meses, o que pode gerar distorções, especialmente em períodos de alta variação climática. Consumidores da zona rural também estão sujeitos à cobrança por estimativa em dois dos três meses do trimestre, a menos que registrem a leitura manualmente por aplicativo ou site.
Reclamações e Justificativas
Questionado sobre reclamações específicas, como a de um cliente cuja conta subiu de R$ 150 para R$ 2.663 em um único mês, Calvo respondeu que cada situação precisa ser analisada individualmente. Ele reforçou que fatores como aumento de pessoas na residência, permanência prolongada em casa ou redução da geração de energia solar (para quem possui sistema próprio) podem impactar o valor final.
Apesar das justificativas, a insatisfação dos consumidores permanece. Segundo o Procon de Caxias do Sul, mais de 500 pessoas procuraram atendimento no início de agosto para relatar cobranças elevadas. O órgão orienta os consumidores a conferirem os dados da conta, realizarem cálculos baseados na nova tarifa e solicitarem reanálise junto à RGE, caso o valor ainda pareça incorreto.
Calvo finalizou a entrevista afirmando que os clientes que se sentirem prejudicados devem buscar os canais oficiais da RGE, como site, aplicativo ou central telefônica, e utilizar a ferramenta “Conta Fácil” para consultar o histórico de consumo.
Ouça a entrevista na íntegra.