CONSUMIDOR

Ovo, café e azeite; alta de preços nos alimentos impacta dia a dia dos brasileiros

Entenda os motivos que elevam - e muito - o valor de alimentos nas gôndolas dos mercados

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Percepção da alta dos preços de produtos alimentícios é sentida por público amplo. Imagem Ilustrativa / Reprodução Internet.

A alta de preços de alimentos é consenso entre os brasileiros, conforme aponta a pesquisa da Quaest divulgada na primeira quinzena de fevereiro, que mostrou que 8 de cada 10 brasileiros, independente da classe social, já notam a elevação dos alimentos.

Dentre os produtos que sofreram uma alta nos últimos tempos estão o cacau, matéria-prima para o chocolate, o ovo, o café e o azeite. Entre os fatores que influenciaram a elevação de preços desse produto, estão safra ruim, mudanças climáticas e alta do dólar.

Entenda os fatores que elevaram os preços

No caso do cacau, a alta do preço está atrelada à baixa recorde do produto no mercado internacional. A Organização Internacional do Cacau reforçou que a queda na oferta global está relacionada à crise agrícola na Costa do Marfim e em Gana, países africanos que representam aproximadamente 54% da produção mundial de cacau. A África Ocidental enfrentou uma safra ruim do alimento devido a condições climáticas adversas e doenças devastadoras em plantações envelhecidas.

Segundo projeções do setor, a defasagem entre demanda e oferta deve se manter pelo menos até 2029 e pode favorecer os produtores brasileiros, mas só depois que a produção se equilibrar e viabilizar o consumo do produto.

O cacau, produzido a partir das sementes do cacaueiro, se desenvolve em climas úmidos. No entanto, por conta da aridez enfrentada em regiões produtoras no Brasil, as plantações estão lutando para sobreviver nessas regiões de seca, assim como os agricultores que cultivam.

Já o ovo, que apresenta o preço mais alto em 22 meses, teve o calor excessivo, o preço do milho e a proximidade da Quaresma entre os fatores que contribuíram para a elevação. Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a caixa com 30 dúzias saltou 61% no período, de R$ 134 para R$ 227.

Em nota, o Instituto Ovos Brasil (IOB), explicou que “as altas temperaturas registradas no início do ano afetaram a produtividade das aves, impactando diretamente a oferta e os custos de produção”.

O milho, alimento fundamental às galinhas, vem aumentando desde setembro do ano passado, quando rompeu a marca de R$ 60 a saca de 60 kg e não parou de subir. Este mês custava R$ 79 — 32% de aumento.

Outro alimento de alta expressiva é o café, cujo valor das sacas de 60 kg atinge patamar recorde. Dados atualizados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) mostram que cada saca dos cafés arábica e robusta negociados por, respectivamente, US$ 462,17 (R$ 2.666,28) e US$ 359,63 (R$ 2.074,71) no começo do mês. Ambas variedades figuram no maior valor da série do instituto.

A principal justificativa para o preço alto é o cenário climático adverso, marcado por seca, geadas, chuvas e um El Niño rigoroso, que prejudicou as últimas lavouras. Além disso, o Vietnã, segundo maior produtor de café do mundo, atrás apenas do Brasil, viveu cenário adverso semelhante ao nacional, e com menor oferta registrada diante de um consumo estável, os preços subiram.

Por fim, as oliveiras também sofreram o impacto do calor extremo e uma primavera mais quente que o normal, que fez as flores desabrocharem antes do tempo. Como resultado, o fruto (a apreciada azeitona, que gera o azeite) perde em qualidade e quantidade.

Além disso, novas pragas e a guerra na Ucrânia também contribuem para alta. Afinal, a Ucrânia, além de ser um dos principais fornecedores mundiais de óleo de girassol (com o produto inflacionado, outros óleos seguem o mesmo caminho), também lidera em fertilizantes agrícolas.

A alta do dólar, por sua vez, também influencia, já que o Brasil importa mais de 99% do que consome, e atual desvalorização do real impacta o preço.