
A economia de Caxias do Sul registrou alta de 2,9% em setembro, na comparação com o mês anterior, conforme levantamento divulgados pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) e Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL Caxias) nesta quarta-feira (12). O resultado foi puxado, principalmente, pelo avanço da indústria (4,7%) e dos serviços (2,8%), enquanto o comércio apresentou queda de 2,4%, suavizando o desempenho geral.
Na comparação com setembro do ano passado, houve leve recuo de 0,3% na economia local, descontados os efeitos sazonais. A indústria foi o setor que mais perdeu fôlego, com retração de 8,7%, contrastando com os crescimentos de 10,4% nos serviços e 7,5% no comércio.
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, a economia caxiense ainda apresenta variação negativa de 0,3%. A indústria segue em retração de 6,2%, enquanto o setor de serviços acumula alta de 8,2% e o comércio cresce 3,3%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, há crescimento de 1,1%, sustentado pelo crescimento dos serviços (+9,4%) e do comércio (+1,9%).
Apesar do resultado positivo no acumulado de 12 meses, o relatório destaca uma perda de dinamismo recente na economia caxiense, associada às incertezas macroeconômicas nacionais e internacionais, que vêm afetando decisões de investimento e consumo.
Desempenho Setorial Detalhado
A indústria local apresentou crescimento de 4,7% em setembro, impulsionada pelo aumento de 15,6% nas compras industriais. No entanto, frente a setembro de 2024, houve queda de 8,7%, refletindo reduções de -21,8% nas compras e -8,7% nas vendas industriais. No acumulado do ano, o setor recua 6,2%, e em 12 meses, -3,7%.
O estudo aponta que a desaceleração decorre de fatores como juros elevados, demanda interna enfraquecida, custos de energia e insumos mais altos, além de um ambiente de incertezas políticas e fiscais, que compromete a confiança do empresariado.
O setor de serviços manteve trajetória ascendente, com crescimento de 2,8% em setembro, 10,4% em relação ao mesmo mês de 2024, e altas acumuladas de 8,2% no ano e 9,4% nos últimos 12 meses. O desempenho confirma a tendência de consolidação dos serviços como motor da economia local.
O comércio, por sua vez, apresentou queda de 2,4% frente a agosto, mas ainda registra crescimento de 7,5% sobre setembro do ano passado. No acumulado de 2025, o setor avança 3,3%, e em 12 meses, 1,2%, sinalizando resiliência no consumo, mesmo diante do cenário econômico mais cauteloso.
Mercado de Trabalho e Comércio Exterior
Emprego e comércio exterior – O mercado formal de trabalho teve saldo positivo de 237 vagas em setembro. Houve 7.776 admissões e 7.539 desligamentos, com destaque para o setor de serviços, que criou 218 postos de trabalho, seguido pelo comércio (98), construção (92) e agropecuária (34). A indústria, no entanto, foi o único segmento com saldo negativo (-205).
No comércio exterior, as exportações cresceram 23% e as importações 13% em relação a agosto. O saldo da balança comercial subiu 31,4% no mês, permanecendo estável no acumulado de 12 meses. Entre os principais destinos das exportações caxienses estão Argentina (25%), Chile (18%) e Estados Unidos (14%). Nas importações, a China segue como principal origem, com 46% do total adquirido.
Visão da CIC Caxias
O vice-presidente de Indústria da CIC Caxias, Ruben Bisi, avaliou que o bom desempenho do setor de serviços em setembro foi determinante para compensar as perdas acumuladas pela indústria nos últimos meses, mas alertou para a perda de tração do segmento industrial, tanto em nível local quanto nacional. Segundo ele, a desaceleração da indústria preocupa não apenas pela redução na geração de empregos de melhor remuneração, mas também pelos efeitos em cadeia sobre o sistema público, já que a perda de postos industriais pressiona o seguro-desemprego, a rede de saúde e as creches públicas.
Bisi destacou que Caxias do Sul segue com crescimento econômico moderado, sem motivo para alarde, mas que o cenário exige atenção, especialmente diante dos efeitos persistentes dos juros altos sobre a atividade produtiva.
“A indústria é o motor dos empregos de ticket médio mais alto, e quando ela perde fôlego, todo o sistema sente. É hora de prudência e de preparar o terreno para um 2026 de retomada e um 2027 que, inevitavelmente, exigirá ajustes mais duros”, concluiu.