Um velho monge e um jovem monge estavam andando por uma estrada quando chegaram a um rio que corria veloz.
O rio não era nem muito largo nem muito fundo, e os dois estavam prestes a atravessá-lo quando uma bela jovem, que esperava na margem, aproximou-se deles. A moça estava vestida com muita elegância, abanava o leque e piscava muito, sorrindo com olhos muito grandes.
– Oh – ela disse, a correnteza é tão forte, a água é tão fria, e a seda do meu quimono vai se estragar se eu o molhar.
Será que vocês podem me carregar até o outro lado do rio?
E ela se insinuou sedutora para o lado do monge mais jovem.
O jovem monge não gostou do comportamento daquela moça mimada e despudorada. Achou que ela merecia uma lição. Além do mais, monges não devem se envolver com mulheres. Então, ele a ignorou e atravessou o rio. Mas o seu mestre, o monge mais velho, deu de ombros, ergueu a moça e a carregou nas costas até o outro lado do rio. Depois os dois monges continuaram pela estrada.
Embora andassem em silêncio, o monge mais novo estava furioso. Achava que o mestre tinha cometido um erro ao ceder aos caprichos daquela moça mimada. E, pior ainda, ao tocá-la tinha desobedecido às regras dos monges. O jovem reclamava e vociferava mentalmente, enquanto eles caminhavam subindo montanhas e atravessando campos. Finalmente, depois de quatro horas de conflitos internos, ele não aguentou. Aos gritos, começou a repreender o seu mestre por ter atravessado o rio carregando a moça, pois isto era totalmente errado para os monges de sua ordem religiosa. Estava fora de si, com o rosto vermelho de tanta raiva.
– Ora, ora, disse o velho monge: – Você ainda está carregando aquela mulher? Eu já a pus no chão há quatro horas. E você? Por que continua carregando ela há quatro horas?
Passamos grande parte de nossas vidas a carregar mágoas de outras pessoas, sem necessidade alguma, só prejudicando a nós mesmos. Precisamos aprender a viajar pela vida de forma mais leve, sem carregar tantas bobagens em nosso coração.
Perdoe a si e perdoe aos demais.