Durante o inverno, os produtores de uva e pêssego da região da Serra Gaúcha encontram-se em uma linha tênue entre a expectativa do frio essencial para uma boa safra e a preocupação com as temperaturas que prejudicam as plantas a ponto de estragarem os frutos. Em 2021, vivencia-se uma estação com dias com tempo gélido, formação de geada e, até mesmo ocasiões de possível queda de neve. Entretanto, os prognósticos para região tem sido positivos.
Para entender o sentimento de quem vive o plantio uvas e pêssegos, a reportagem do Leouve foi conversar com produtores destas frutas em Bento Gonçalves e região. Em entrevista, Rafael Butelli, gerente-geral da propriedade Família Butelli, e os técnicos responsáveis pelo cultivo e cuidado das plantas e frutas, Ademar Bazo e seu irmão, Olemar Bazo, revelaram o misto de sentimentos que as temperaturas baixas trazem, e suas expectativas para safra 2021.
“Então, a princípio até o presente momento, nas condições que o clima vem se mantendo, a expectativa é boa, de uma safra cheia, com grandes volumes e frutos de qualidade. Único problema é que a previsão daqui pra frente não é muito favorável pois temos previsão de geadas tardias, que podem atrapalhar, diminuindo a qualidade dos frutos e o volume de produção. Em relação ao fio, como ele impacta no crescimento e desenvolvimento dos frutos, até o período de brotação dos pêssegos ele é fundamental, é muito importante que faça bastante frio.” Destaca Butelli
Sobre as geadas que tem ocorrido nos últimos dias na Serra Gaúcha, ele afirma que “Elas já não são tão boas pro pêssego, porque podem causar danos nas gemas florais e isso, consequentemente, vai gerar perda de produção, vai reduzir o volume total produzido, e porque a planta onde tinha essas gemas vão possivelmente queimar e não vai produzir um fruto de pêssego. Então reduz a quantidade de fruta produzida e às vezes também impacta na qualidade desse fruto.”
A alternância entre períodos de temperaturas próximas de zero, e, em alguns casos até abaixo desta marca, com dias de calor, é outro fator de preocupação para os produtores. Uma onda de calor pode fazer com que a dormência das plantas seja quebrada e elas acabem brotando antes da época específica, e, com uma nova frente fria, causadora de geada, as parreiras e pessegueiras acabam sofrendo danos irreversíveis.
“O problema do frio é se ele ocorre após a quebra de dormência das plantas que é quando as flores já desabrocharam, e se vier geadas, frios muito fortes nessa nesse período, pode praticamente zerar a produção daquelas plantas e daqueles polares. Durante o desenvolvimento do fruto, quando já está iniciando a sua formação, aí o frio não é tão importante. O ideal é temperaturas acima de 14 graus e com a menor amplitude térmica possível.” Afirmou o diretor-geral da Família Butelli.
Contudo, as previsões emitidas pela Embrapa Uva e Vinho, apresentam certo otimismo para os próximos meses. De acordo com o Boletim Agrometeorológico da Serra Gaúcha, o fim do outono e início do inverno foram bons para o desenvolvimento das frutas.
“Os primeiros registros de dias com menores temperaturas do ar (‘primeiros frios de outono’) ocorreram somente no final do mês de abril. Além disso, destaca-se que, no final do outono e início do inverno 2021, os dias se mantiveram com temperaturas do ar baixas e relativamente constantes, sem grandes oscilações, o que repercute no acúmulo de horas de frio e favorece uma maior profundidade e uniformidade do estado de dormência.” Destaca o documento, que pode ser acessado na íntegra clicando aqui.
Por conta desse otimismo em relação a safra de 2021, a Embrapa tem dado enfoque a conteúdos envolvendo a poda. Recentemente, o órgão liberou um vídeo em que ensina formas corretas de fazer a poda das videiras. Para assistir o material, basta clicar aqui.