Na última sexta-feira (23), o resgate de um cachorro ‘caramelo’ no Cânion Fortaleza, em Cambará do Sul, chamou atenção. O cão estava situado em uma área parcialmente plana de difícil acesso, a cerca de 30 metros da superfície do cânion. A altura aproximada do penhasco é de 1.020 metros, segundo informação prestada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A operação de resgate foi realizada com o trabalho conjunto de vários órgãos: ICMBio, Brigada de Incêndio do Parque, Operadores de Trabalho em Altura e Corpo de Bombeiros Militar na coordenação do resgate. De acordo com o Corpo de Bombeiros de Gramado, a estimativa é que o animal estava no local há cerca de duas semanas.
Para o resgate, foi utilizado um drone com câmera termográfica, capacidade de operação na chuva e recursos especiais para buscas em locais de difícil acesso, o que garantiu a localização precisa do animal. A operação iniciou-se com a descida até o local onde se encontrava o cão, utilizando técnicas de rapel, devido à dificuldade de acesso ao local. Além disso, as condições adversas do clima, como chuva, neblina e vento também dificultaram o salvamento. O animal foi içado com o auxílio de polias e com o suporte dos brigadistas do parque e outros operadores de trabalho em altura.
O cão estava desidratado, anêmico e com uma lesão na testa, mas sem fraturas. Após o resgate, o animal foi atendido pela veterinária Martha Becker, que prestou os primeiros socorros.
‘Caramelo do Perau’ já encontrou uma família
A equipe batizou o cachorro como ‘Caramelo do Perau’, que foi adotado pelo capitão Pedro Henrique Costa Sanhudo, coordenador da operação de resgate.
“Após o resgate, eu questionei os agentes do ICMBio sobre quem ficaria responsável por ele. Como eles não tinham nenhuma informação sobre algum dono buscando um cachorro perdido, me coloquei à disposição para ser o tutor e acabei adotando ele”, relata.
O capitão afirma que o animal passa bem, apesar de ainda apresentar sinais de subnutrição. ‘Perau’, como é chamado pelo dono, atualmente faz tratamento com medicamentos e polivitamínicos, além de receber alimentação específica para a reposição de nutrientes.
“Mas agora está tudo bem, o semblante dele é totalmente diferente do dia do resgate”, celebra Sanhudo. “Além da adoção, é um sentimento de completude. Além do salvamento de uma vida, independente de ser humano ou ser animal, é uma história que nos permite a continuidade. E isso paga todo o treinamento, todo o acesso ao local, que era de risco, as intempéries que enfrentamos, independente dos fatores que se apresentem para nós como desafios, nós vencemos porque nós temos a vocação. Se me perguntarem porque eu faço isso, eu diria: ‘Eu não sei, apenas faço’.