O deputado estadual e ex-prefeito de Caxias do Sul, Pepe Vargas (PT), propõe um projeto que pretende unificar o acesso às Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e planos de saúde privados do RS.
Em entrevista concedida ao Jornal da Manhã da Rádio Jovem Pan Serra Gaúcha, o deputado afirmou que o objetivo do projeto é garantir a todos o acesso universal e igualitário à saúde.
“Nós não podemos permitir que uma pessoa que não tem dinheiro para pagar um plano de saúde fique privada de um leito de UTI se entrar em estado crítico, exigindo a assistência ventilatória mecânica”, comenta.
No Rio Grande do Sul, com população estimada em 11 milhões de habitantes, cerca de 2 milhões de beneficiários de planos de saúde dispõem do acesso a 624 leitos de UTI. Uma média de 3,2 leitos para cada 10 mil habitantes. Já no SUS, esta taxa cai significativamente. A proporção é de 0,91 leitos para cada 10 mil habitantes, valor abaixo do mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
“E mesmo com o plano de contingência hospitalar que a Secretaria Estadual da Saúde apresenta, que prevê a ampliação do número de leitos de UTI nas diversas macrorregiões de saúde do Estado, nós continuaríamos com um número de leitos abaixo da média”, relata.
Ainda segundo o deputado, o Estado está longe de atingir o pico de casos da Covid-19, o que significa que ainda há tempo para ampliar o número de leitos e evitar que aconteça aqui, o mesmo que aconteceu em países como Itália, Espanha e EUA, onde pessoas morreram devido à ausência de leitos e ventiladores mecânicos.
O método proposto, de unificar as filas para leitos de UTI, é apoiado por especialistas e entidades de todo o mundo. Na Alemanha, o Estado centralizou todas as ações de combate ao Covid-19, garantindo assim uma melhor equidade de acesso aos serviços de saúde. O país apresentou melhores respostas no combate a doença, por possuir taxas maiores de leitos de UTI por habitante, diferente dos países citados acima.
No Brasil este modelo de fila única já é adotado com êxito pelo Sistema Nacional de Transplantes, que organiza e regula os transplantes de órgãos e tecidos no país.
Caso a proposta seja implantada no Rio Grande do Sul, os recursos serão coordenados pela Central de Regulação Estadual.
Situação na Serra Gaúcha
Atualmente, Caxias do Sul dispõe de 100 leitos de UTI, dos quais 35 são destinados a pacientes do SUS. De acordo com o último boletim epidemiológico, o município está com 97% de ocupação nos leitos de UTI. Ressaltando que os pacientes internados não são todos portadores do coronavírus.
Os dados vêm causando preocupação na população, já que Caxias do Sul atende 48 municípios da região da Serra Gaúcha e não apenas os habitantes do próprio município. Referente a esses números, o deputado Pepe Vargas afirma que, no momento em que faltar leitos de UTI, não são apenas as pessoas com Covid-19 que irão se prejudicar.
“Quando faltarem leitos, não vai faltar apenas para quem está com a Covid-19. Vai faltar pra quem infartar, pra quem tiver um acidente vascular cerebral, pra quem eventualmente sofrer um acidente de trânsito, vai faltar para todos”, conclui.
Ouça a entrevista na íntegra: