Você já passeou com seu cachorro e, de repente, percebeu que ele parou para mastigar alguns tufos de grama como se fosse um petisco irresistível? Muitos tutores ficam intrigados e até preocupados com esse comportamento, que pode parecer estranho à primeira vista. Afinal, por que os cães comem grama, mesmo tendo ração de qualidade, petiscos saborosos e água fresca à disposição? Esse hábito, que é mais comum do que se imagina, desperta a atenção de veterinários e pesquisadores há décadas.
Cães e grama: um comportamento natural
Veterinários explicam que o ato de comer grama está presente em cães desde tempos antigos, quando os lobos — ancestrais diretos dos cães domésticos — caçavam e consumiam presas herbívoras. Ao ingerirem o estômago dos animais, eles também consumiam partes de vegetação. Assim, acredita-se que os cães herdaram esse instinto. Embora não sejam herbívoros, a ingestão de grama pode estar ligada à sua curiosidade natural e ao comportamento exploratório.
Ajuda na digestão e eliminação
Um dos motivos mais apontados pelos veterinários é que os cães podem recorrer à grama para provocar vômito em situações de desconforto estomacal. A textura das folhas estimula o estômago e, muitas vezes, ajuda o animal a expelir algo que está incomodando, como restos de comida pesada ou até mesmo objetos ingeridos acidentalmente. Embora nem sempre o cão vomite após comer grama, muitos tutores relatam essa associação.
Suprimento de fibras naturais
Outro ponto observado é que a grama funciona como uma fonte de fibras vegetais. Mesmo cães bem alimentados podem sentir necessidade de ajustar o funcionamento intestinal. Mastigar e ingerir grama auxilia no trânsito intestinal e pode ser uma forma instintiva de equilibrar a flora digestiva. Esse hábito é semelhante ao que observamos em outros animais domésticos, como gatos, que também recorrem a plantas para auxiliar a digestão.
Uma forma de aliviar o tédio
Veterinários também destacam que, em alguns casos, comer grama pode ser apenas um sinal de tédio ou ansiedade. Cachorros que passam muito tempo sozinhos, com baixa atividade física ou estímulo mental reduzido, tendem a buscar alternativas para ocupar seu tempo. Nesse sentido, mastigar grama pode ser um comportamento de substituição, semelhante ao roer objetos em casa. Proporcionar mais passeios, brinquedos interativos e enriquecimento ambiental pode reduzir esse hábito.
Nem sempre é sinal de problema
Apesar de gerar preocupação nos tutores, a maioria dos especialistas reforça que o ato de comer grama não deve ser considerado automaticamente um problema de saúde. Muitos cães saudáveis fazem isso ocasionalmente sem apresentar consequências negativas. O alerta deve surgir apenas quando o comportamento se torna compulsivo ou quando o animal apresenta sintomas adicionais, como vômitos frequentes, diarreia, falta de apetite ou apatia.
Cuidados importantes para tutores
Embora a ingestão de grama seja geralmente inofensiva, é preciso ficar atento ao ambiente. Áreas públicas podem conter plantas tratadas com pesticidas, herbicidas ou fertilizantes que são tóxicos para os cães. Além disso, existem espécies ornamentais que se parecem com grama, mas são venenosas, como algumas variedades de lírios e azaleias. Por isso, os tutores devem sempre monitorar o que o cachorro está mastigando durante os passeios e, se possível, oferecer acesso a grama limpa e segura em casa.
O que dizem os veterinários na prática
Na rotina clínica, muitos veterinários relatam que esse é um dos questionamentos mais frequentes feitos por tutores. A explicação mais aceita é que se trata de um comportamento instintivo, multifatorial, que pode estar ligado tanto à fisiologia quanto ao bem-estar emocional do animal. Em consultas, é comum os especialistas orientarem a observar o contexto em que o hábito acontece: se é esporádico e sem sintomas associados, não há motivo para alarme. Mas, se for persistente e acompanhado de sinais clínicos, pode indicar problemas gastrointestinais ou parasitários.
Como agir quando seu cão come grama
A melhor atitude é observar. Se o cachorro come pequenas quantidades ocasionalmente e continua ativo, alegre e saudável, não há necessidade de intervenção. No entanto, se o hábito for constante, o tutor deve avaliar fatores como: qualidade da alimentação, frequência de passeios, tempo de brincadeiras e possíveis fontes de estresse. Em alguns casos, ajustar a dieta, incluindo fibras ou rações específicas, pode reduzir a necessidade instintiva do cão de buscar grama.
Quando procurar um veterinário
É fundamental procurar atendimento veterinário se o hábito vier acompanhado de sinais preocupantes. Sintomas como emagrecimento repentino, apatia, vômitos constantes ou alteração nas fezes indicam que algo pode estar errado. Nesses casos, exames laboratoriais e de imagem ajudam a descartar inflamações, gastrites, verminoses e outras doenças digestivas. O acompanhamento profissional garante que o tutor saiba diferenciar um comportamento natural de um possível problema de saúde.