Um cão roendo móveis pode transformar qualquer sala de estar em um campo de batalha. Sofás rasgados, cadeiras mordiscadas e até portas com marcas de dentes são sinais que deixam os tutores desesperados. Mas por trás desse comportamento aparentemente destrutivo, há um alerta importante: na maioria dos casos, o problema não é falta de educação, e sim falta de estímulo mental e físico. Especialistas em comportamento animal reforçam que o roer é a forma do cachorro dizer que está entediado, ansioso ou carente de atividades que satisfaçam suas necessidades naturais.
Cães roendo móveis: comportamento que exige atenção imediata
Roer faz parte do instinto dos cães, especialmente filhotes que estão na fase de troca de dentes. No entanto, quando o hábito se prolonga ou surge em cães adultos, é sinal de alerta. Segundo a Associação Brasileira de Medicina Veterinária, cerca de 70% dos casos de destruição em casa estão ligados ao estresse e à falta de atividades. Em outras palavras, o cão roendo móveis não é “malcriado”: ele está reagindo ao ambiente que não supre suas necessidades.
Por que os cães escolhem justamente os móveis
Os móveis costumam ser alvos porque carregam o cheiro da família e ficam acessíveis em momentos de solidão. Além disso, madeira e tecido oferecem texturas irresistíveis para os dentes. Quando o cão não encontra brinquedos adequados ou estímulos alternativos, ele transforma aquilo que está à mão em “válvula de escape”. É como uma criança entediada que rabisca as paredes: o objetivo não é destruir, mas canalizar energia acumulada.
Fatores emocionais que influenciam o hábito
Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) apontam que cães deixados sozinhos por longos períodos têm mais chances de desenvolver comportamentos destrutivos, incluindo roer móveis. A falta de contato humano, de atividades lúdicas e de desafios mentais cria um cenário de frustração. Além disso, a ansiedade de separação — comum em cães muito apegados aos tutores — é um gatilho forte. O animal, ao não saber lidar com a ausência, desconta essa angústia mordendo o que estiver ao alcance.
O papel do exercício e da estimulação mental
Para mudar o comportamento de um cão roendo móveis, a solução não está em broncas severas, mas em enriquecer a rotina. Caminhadas longas, sessões de brincadeiras interativas e uso de brinquedos recheáveis (como os famosos kongs com petiscos) fazem milagres. Esses estímulos simulam a busca por alimento e mantêm a mente ocupada. Além disso, treinos básicos de obediência são excelentes formas de gastar energia mental, reduzindo drasticamente a necessidade de roer.
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Estratégias práticas para aplicar em casa
- Ofereça brinquedos específicos: mordedores resistentes de nylon ou cordas são boas alternativas.
- Rotina de passeios: ao menos duas saídas diárias reduzem ansiedade e tédio.
- Variedade de atividades: alterne jogos de busca, esconder petiscos pela casa e treinos rápidos.
- Enriquecimento ambiental: caixas de papelão, garrafas pet adaptadas e tapetes olfativos ajudam a gastar energia mental.
- Atenção positiva: recompense comportamentos adequados, reforçando o que você quer que ele repita.
Segundo a American Kennel Club (AKC), cães que recebem ao menos 30 minutos de estímulo mental por dia têm 50% menos chances de apresentar comportamentos destrutivos.
Quando buscar ajuda profissional
Se o hábito persiste mesmo após mudanças na rotina, é recomendável buscar apoio de um adestrador positivo ou de um veterinário especialista em comportamento animal. Em alguns casos, o roer pode estar ligado a problemas de saúde, como dores dentárias ou distúrbios digestivos. A avaliação profissional garante que o tratamento seja adequado e evite complicações futuras.
Um cão roendo móveis não está apenas testando os limites da paciência do tutor: ele está pedindo socorro. Entender esse pedido e agir é a chave para restabelecer a harmonia em casa e oferecer ao animal a qualidade de vida que ele merece. Afinal, cada mordida em uma cadeira é, na verdade, um reflexo da necessidade de mais atenção, estímulo e afeto.
