Foto: Lucas Gaio/Divulgação
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Quando não é a chuva de granizo ou temporais, é a forte onda de calor que atinge a região da Serra Gaúcha que prejudica a produção dos agricultores. Flores da Cunha, Nova Pádua, Garibaldi, Coronel Pilar, Bento Gonçalves, Farroupilha e demais cidades referências na viticultura, sofrem com a pouca chuva dos últimos dias e o calor intenso que está “secando” as frutas nas parreiras.

Assim, é o caso do produtor rural Lucas Antônio Gaio. Com mais de cinco hectares de parreiras no distrito de Mato Perso, em Flores da Cunha, o agricultor diz que ainda é impossível quantificar o tamanho da perda de produção. Segundo ele, isso só será possível a partir do momento que começar a chover.

“Ainda não dá para calcular quanto de perda. Depende se o tempo começar a chover. Olha o que os agricultores estão passando. Se não chover logo, não sei oque vai acontecer. É complicado”, diz o produtor rural.

Gaio ainda lembra que a última estiagem que afetou a produção deste forma ocorreu há cerca de 20 anos na Serra Gaúcha. A colheita deve iniciar entre os dias 15 e 20 de janeiro.

Preocupação
Conforme o presidente do Sintrafar, Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Farroupilha, Márcio Ferrari, há 15 anos não havia uma estiagem tão grande e os prejuízos podem ser grandes na produção.

“Já está prejudicando sim. Temos algumas regiões que não chove há 30 dias e essa falta prejudica a qualidade, quantidade e ainda risco da morte da parreira. Há mais de 15 anos não tinha uma seca tão grande. Nas colheitas precoces, como a Vênus, não tivemos problemas. Mas na colheita que começa de agora pode acontecer, principalmente com as variedades de suco justamente por não ter água em seu amadurecimento. Aparentemente a uva está madura, mas sem água internamente”, salienta Ferrari.

O presidente do Sindicato da Agricultura Familiar de Garibaldi, Boa Vista do Sul e Coronel Pilar, Luciano Rebelatto, é mais enfático. De acordo com ele, se não aumentar a chuva, a situação, o estrago e as perdas, não terão mais volta.

“A situação está se tornando crítica. Estamos apostando todas as fichas em uma chuva que está prevista para acontecer. O nosso interior, que tem a produção principal baseada em vinhedos, está em situação emergencial. As plantas estão retirando água dos cachos das uvas e das folhas para se manterem vivas. Com isso, as folhas estão ficando secas e os grãos em forma de uva passa. Essa situação emergencial dura no máximo mais um ou dois dias. Mais do que isso, as nossas vinhas não vão aguentar. Se não chover a situação não terá mais volta e a safra da uva irá se perder.

Rebelatto reforça que a perda da produção de uva na região de Garibaldi pode ser superior a 25% nesta safra.

“Já tivemos perdas por conta do excesso de chuvas na época da floração e agora a situação está se agravando em função dessa estiagem. Falávamos em 20% ou 25% de perda, hoje já não temos mais previsão de quanto será a quebra da safra. Vai acontecer quebra e mortandade de parreiras. Elas já estão morrendo por falta de água. A qualidade está precária e se não chover, eu que sou pessimista, apostaria que não haverá colheita de uvas”, conclui.

Foto: Lucas Gaio/Divulgação
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