Dois apenados da Penitenciária Estadual de Caxias do Sul (Pecs), no Apanhador, produziram 100 nichos de madeira para ambientar espaços infantis utilizados em dias de visitas em unidades prisionais do Rio Grande do Sul. Até o fim do ano, todos os estabelecimentos receberão os itens.
Além da instalação de nichos, o projeto também inclui a instalação de fraldários, cadeiras de amamentação, armários, amigurumis (bonecos feitos de crochê ou tricô) e calçadas brincantes. A intenção é adequar os locais que recebem os filhos de apenados durante as visitações.
A ação é parte do programa Primeira Infância RS no contexto prisional. O Gabinete do Vice-Governador é responsável por coordenar o projeto, em parceria com a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS).
“A iniciativa integra um conjunto de projetos voltados à primeira infância, prioridade do governo do Estado, e reforça o compromisso com a humanização do sistema prisional e o cuidado com crianças de zero a seis anos de famílias ligadas ao contexto penitenciário”, destaca o vice-governador e coordenador do Comitê Intersetorial pela Primeira Infância, Gabriel Souza.
“Além disso, valoriza o trabalho prisional como ferramenta de reintegração social e evidencia o papel de todos na reconstrução do Estado.”
A mão de obra prisional produziu os nichos com material fornecido por uma empresa, que já chegou cortado no tamanho específico para a montagem. A produção teve início no final de julho. Os detentos foram beneficiados com a atividade: a cada três dias trabalhados, um dia foi reduzido da pena.
Para o diretor-adjunto da Pecs, Rogério Savian, o sistema prisional deve voltar seu olhar à inserção das pessoas privadas de liberdade em atividades laborais, para que elas se sintam incluídas na sociedade:
“Os detentos nos relatam o quanto se sentem valorizados, o quanto isso faz diferença em suas vidas. Porque não se sentem apenas como alguém que está cumprindo uma pena, mas sim como alguém que está desenvolvendo um trabalho que vai ajudar outras pessoas”, conta.
Ainda na Pecs, uma das principais atividades de trabalho é a oficina de malharia. A iniciativa produziu 50 kits de lençóis e mantas para berços doados a famílias atingidas pelas enchentes de maio. Atualmente, cerca de 160 apenados realizam algum tipo de atividade laboral.
“No alojamento dos trabalhadores, está quem quer trabalhar, remir a pena e mudar a cabeça, não retornando para o crime. O pessoal se sente bem, é melhor do que ficar trancado na galeria, dentro de uma cela”, afirma Vitor (nome fictício), apenado que atua no setor de trabalho prisional da unidade, onde foram fabricados os nichos decorativos.
Assim, previsão é que, até o final do ano, os estabelecimentos do Estado concluam as adequações voltadas ao bem-estar do público infantil.