Agosto de 2024 se tornou o mês com mais hectares devastados por queimadas no Rio Grande do Sul desde 2019. Isso de acordo com um levantamento do MapBiomas, divulgado nesta quinta-feira. O fogo consumiu 31.404 hectares no Estado, mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2023, quando 15.530 hectares foram destruídos.
Na manhã desta quinta-feira, a chuva fina que caiu em Porto Alegre ajudou a amenizar a sensação de desconforto provocada pela fumaça das queimadas, que vinha afetando a cidade há dias. O índice de qualidade do ar melhorou, passando para 121, mas ainda é considerado insalubre para grupos sensíveis, segundo a plataforma de monitoramento IQ Air, parceira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Apesar da leve melhora, o céu da capital gaúcha manteve o aspecto acinzentado. Dessa forma, a fumaça das queimadas, que tem se espalhado pelo Rio Grande do Sul, deve permanecer até o próximo sábado, quando ventos devem levar a poluição para o norte, conforme o satélite Copernicus, da União Europeia.
Impactos na saúde
Entre domingo e quinta-feira, 276 internações por problemas respiratórios foram registradas na capital. Apesar disso, a secretaria destacou que a proporção de casos não teve um aumento significativo em relação ao ano anterior e que ainda não é possível confirmar a relação direta com a fumaça.
Recorde de área queimada
O levantamento do MapBiomas revelou que o total de área devastada em agosto de 2024 é o maior já registrado no Rio Grande do Sul desde o início do monitoramento, em janeiro de 2019. Além disso, os oito primeiros meses deste ano já superaram o total de hectares queimados em todo o ano de 2023, que somou 29.590 hectares.
De janeiro a agosto de 2024, as queimadas destruíram 37.169 hectares no Estado, um aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. O recorde anual ainda pertence a 2022, com 58.926 hectares queimados. O bioma Pampa, único presente exclusivamente no Rio Grande do Sul, registrou uma redução de 67% na área queimada em relação ao ano anterior, devido às chuvas acima da média.
Municípios mais afetados
A região dos Campos de Cima da Serra foi a mais atingida pelas queimadas em agosto. São Francisco de Paula lidera o ranking com 10.820 hectares queimados. Bom Jesus, São José dos Ausentes, Jaquirana e Cambará do Sul estão na sequencia.
Fumaça afeta atividades e eventos
Os ventos que trouxeram fumaça das queimadas na Amazônia e no Cerrado para o Rio Grande do Sul impactaram diversas atividades no Estado. A Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre recomendou a suspensão de atividades ao ar livre até domingo. A justificativa é a falta de alunos com problemas de saúde relacionados à poluição. A Secretaria Estadual de Saúde também cancelou a caminhada “O Amor Vive”, que aconteceria no sábado na orla do Guaíba, como medida de prevenção.