As discussões para a implantação de um sistema antigranizo na região da Serra Gaúcha e dos Campos de Cima da Serra vêm avançando desde o início do ano. Caxias do Sul tem sediado eventos e reuniões com prefeitos e outros representantes de outros municípios para tratar do tema. A iniciativa prevê reduzir os impactos de episódios de granizo na agricultura da região.
De acordo com o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SMAPA) de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto, os trabalhos até agora focaram em compreender como o sistema antigranizo foi instalado em outras regiões, especialmente em Santa Catarina. Em 2024, a empresa catarinense AGF Antigranizo Fraiburgo apresentou a tecnologia para as prefeituras e entidades do setor, durante uma reunião em Caxias do Sul.
O empecilho, porém, está no financiamento para a implementação do equipamento. Menegotto afirma que, em um primeiro momento, o valor orçado gira em torno de R$ 15 milhões de reais, dos quais R$ 5 milhões seriam para a instalação e mais R$ 10 milhões para a realização da manutenção anual do equipamento. Segundo ele, o valor é muito alto para que municípios da região possam sozinhos arcar com os custos, sendo necessária, portanto, a participação do governo estadual para bancar a conta.
“Em Santa Catarina, grandes empresas bancaram esse sistema no início. Nós não temos grandes empresas aqui, temos médios e pequenos produtores. Precisamos, então, da participação do Estado. O sistema em Santa Catarina está agora sendo ampliado para outros municípios porque o Estado está participando”, explica o secretário.
Menegotto afirma que o prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, vem conversando com o governo estadual sobre o tema. Além disso, segundo ele, deputados estaduais também têm se colocado à disposição para buscar a participação do estado no custo do equipamento.
Grupo de trabalho
Um grupo de trabalho sobre o sistema antigranizo será formado no próximo dia 28 de abril, liderado pela SMAPA. O titular da pasta afirma que, após a apresentação do sistema antigranizo durante o 7º Horti Serra Gaúcha, realizado em março, outros municípios da região manifestaram interesse em participar da implementação da ferramenta.
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De acordo com Menegotto, o sistema antigranizo utiliza iodeto de prata, que diminui de tamanho ou até elimina as pedras de gelo antes que elas atinjam as plantações. O granizo é um frequente fator de preocupação para os agricultores da região, especialmente nos meses da primavera. Porém, no último mês de janeiro ocorreram quatro episódios severos no interior de Caxias, acarretando prejuízos para produtores de frutas como ameixa, cáqui e pêssego, entre outras. O fenômeno foi registrado nas localidades de Bevilácqua, Terceira Légua, Segunda Légua e Fazenda Souza.
Segundo o engenheiro agrônomo da SMAPA, Thales Bordignon Milanesi, a ocorrência do fenômeno no verão tem sido cada vez mais frequente, e os prejuízos também:
“As telas de proteção auxiliam no enfrentamento ao problema, mas não se tem 100% de eficácia em terrenos muito inclinados, como é comum na região”, explica.
O secretário da SMAPA relembra que o sistema antigranizo não abrange não só a fruticultura, mas o território inteiro, protegendo o meio rural e a área urbana. Menegotto acrescenta que é muito desolador ver o trabalho de uma família tendo tal desfecho:
“Sabemos o quanto os agricultores se dedicam. Além disso, a qualidade das frutas produzidas na nossa região vem subindo ano após ano. É muito triste que isso ocorra. Por isso a implantação do sistema é importante para amenizar o problema”, observa o secretário.
