A safra de uva se iniciou no Rio Grande do Sul com expectativa de redução de volume por conta dos efeitos climáticos do El Niño. Cooperativas vinícolas da Serra já estão recebendo a produção para processamento, estimando quebras variáveis em relação à vindima de 2023, mas com qualidade e a sanidade da fruta nos padrões. A Cooperativa Vinícola Aurora projeta colheita de 63 milhões de quilos de uva até março, redução de 10,6% na comparação com o ciclo passado, enquanto a Cooperativa Nova Aliança estima processar 35 milhões de quilos, 30% abaixo da quantidade de 2023.
A Aurora acredita que o volume deverá ser 2,5% inferior à média dos últimos 10 anos, que foi de 64,4 milhões de quilos – a maior safra foi em 2021 (90 milhões de quilos), e a menor, em 2016 (33,6 milhões). Segundo o gerente agrícola da Aurora, Maurício Bonafé, esta semana serão recebidos cerca de 200 mil quilos diários, com ampliação para quase 1 milhão de quilos/dia na próxima semana e até 2,5 milhões de quilos/dia no auge da safra, em fevereiro. “Toda essa operação é realizada com horário marcado para preservar a qualidade da matéria-prima e para conseguirmos fazer o processamento da uva no menor tempo possível”, explica Bonafé.
Mudança em processos
A cooperativa responde por cerca de 10% da safra gaúcha da fruta para processamento. Cerca de 75% são de variedades americanas e híbridas, destinadas para sucos de uva integrais e vinhos de mesa, e 25% de vitis viníferas, usadas na elaboração de vinhos finos e espumantes. A empresa desenvolveu um programa para acelerar a substituição das antigas caixas de 20 quilos por bins com capacidade de até meia tonelada. A iniciativa tem objetivo de ajudar em todo o processo, desde a colheita nas propriedades dos 1,1 mil associados em 11 municípios serranos, até chegar à entrega nas três unidades de recebimento, em Bento Gonçalves.
Nesta safra, a cooperativa orientou os viticultores para a exigência de contratação formal dos trabalhadores temporários e as condições para os alojamentos. “Temos uma média de contratação de três a quatro pessoas por propriedade rural e queremos que a safra transcorra da melhor forma possível. Todos os cooperados receberam o auxílio para os procedimentos para a contratação formal de trabalhadores, orientação para o uso de equipamento de proteção individual, além de instruções sobre carga horária de trabalho e outros cuidados que o viticultor precisa tomar”, disse.
Nova Aliança
A Cooperativa Nova Aliança, com unidades em Flores da Cunha, Farroupilha e Santana do Livramento, deverá processar 35 milhões de quilos de uva nesta temporada, quebra de 30% em razão do excesso de chuva. A safra começou na semana passada e vai envolver diretamente 250 funcionários efetivos — 150 na indústria — e cerca de 1,3 mil cooperados, além de funcionários contratados de janeiro a março. Os trabalhadores de outras cidades gaúchas são acomodados em alojamento construído há 10 anos pela cooperativa, com estrutura adequada para a jornada. “Sempre atuamos desta maneira e assim construímos uma história de cooperativismo focada no social, no bem estar e nas relações”, ressaltou o presidente da Nova Aliança, Sidimar Fleck.
Esta é a primeira safra da nova diretoria da Nova Aliança, que tem matriz em Flores da Cunha, onde elabora seus rótulos. “Estamos com novo enólogo, nova política, nova energia, tudo para viver este novo momento”, disse o diretor superintendente, Heleno Facchin. A Nova Aliança tem 700 famílias cooperadas e surgiu da união de cinco cooperativas vitivinícolas da região.
Fonte: Correio do Povo