A safra do pêssego na Serra Gaúcha, uma das maiores regiões produtoras da fruta de mesa no Brasil, já iniciou e promete movimentar a economia local neste ano. Com cerca de 3,6 mil hectares cultivados, a média para a colheita deste ano é em torno de 60 mil toneladas.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Ângelo Todeschini, apesar dos percalços que a condição climática propõe, a expectativa é que a safra deste ano supere a de 2023. No ano passado, houve perda média de 40% da produção de pêssego. O clima é sempre um dos fatores fundamentais e mais interventivos no potencial produtivo do pessegueiro.
“Tivemos um inverno bastante irregular, em junho fez muito frio, tendo momentos de calor e sem chuvas. Em julho teve 15 dias ininterruptos sem radiação solar e frio, depois esquentou novamente. Então, esses fatores motivaram as variedades superprecoces a florescer muito cedo. Depois teve uma geada em 14 de agosto e praticamente quase zerou o potencial produtivo das dessas variedades que estão terminando de serem colhidas”, disse.
Além disso, Todeschini ressalta que as variedades de ciclo médio estão em pleno crescimento, começando a maturação e mudanças de cor. As tardias, recém receberam o raleio e serão colhidas normalmente no final de dezembro e no mês de janeiro. Ambas são suscetíveis aos desafios climáticos.
“O grande volume produzido são as de ciclo médio, principalmente o PS do Tarde e Chimarrita. O grande desafio delas é o clima. Principalmente as geadas tardias, muita chuva na florada ou na colheita e esse ano está previsto a escassez”, explica.
Apesar disso, a expectativa é de que a qualidade do pêssego mantida pelos pomares da Serra continue a atrair consumidores de várias partes do país, consolidando a importância da região no cenário nacional de frutas de caroço. O engenheiro agrônomo salienta que a demanda de pêssego na região se mantém estável, mas se concentra em grande maioria em outras regiões do Brasil.
“Se fosse depender da região não teria possibilidade de habilidade agronômica e comercial de produzir tanto pêssego de mesa, por isso a grande maioria do nosso pêssego vai para o centro do país e para o nordeste”, completa Todeschini.
Pinto Bandeira lidera a produção de pêssego
O município da região que mais produz pêssego de mesa é Pinto Bandeira, com 900 hectares e 18 mil toneladas de plantações da fruta. O produtor da Linha Brasil, Osvaldo de Toni, disse que acredita que neste ano a safra vai superar a de 2023.
“Acredito que a qualidade dessa safra vai ser bem melhor que a da safra passada, pois no ano passado teve chuva acima do normal deixando a planta muito viçosa e a fruta ficou fraca, ali tivemos bastante perda. Mas neste ano o clima está ajudando, tendo a chuva e o sol no tempo certo para que a fruta fique com qualidade e sabor. Uma das principais práticas para se ter uma boa fruta é uma poda de inverno caprichada, um bom raleio deixando as frutas conforme capacidade da planta”, conta.
Conforme de Toni, um dos maiores desafios enfrentados durante a produção do pêssego foi o clima, com frio muito abaixo da média durante a floração, que acabou levando boa parte das variedades mais precoces, como Kampai e PS Cedo.
“Dependendo da região, a perda das variedades precoces chegou até 80% da produção. Mas nas variedades mais tardias acredito que haverá safra normal”, informa.
Quanto ao preço da fruta para 2024/2025 , o produtor destaca que está de acordo com o esperado, visando os percalços durante o crescimento das frutíferas. Porém, ele torce para que o preço não desça tanto, tendo em vista que os gastos para produção são consideravelmente elevados.
“Com a perda, que não teve só na nossa região, mas também nos estados que também produz pêssego como Paraná, Santa Catarina e São Paulo, não está tendo tanta oferta. Mas acredito que no forte da safra o preço tende a cair um pouco. Esperamos que não caia tanto, pois o custo para produzir é muito alto”, finaliza de Toni.