Porto Alegre - Não é descartada relação entre o tronco humano deixado em uma mala na rodoviária de Porto Alegre e os restos mortais localizados no bairro Santo Antônio, na zona Leste, no dia 13 de agosto. A investigação aponta que os membros são do corpo da mesma mulher. Entretanto, a Polícia Civil enfatiza que a suspeita será confirmada, ou não, somente após os exames do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Apesar das ressalvas, o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) reconhece que há paralelo entre os casos. Informalmente, a noção entre os policiais é que se trate de apenas uma vítima, que ainda não foi identificada.
O curto intervalo de tempo entre as ocorrências reforça essa hipótese. Isso porque a parte do corpo que estava na mala foi encontrada nessa segunda-feira, mas o item foi deixado no guarda volumes da rodoviária em 20 de agosto, uma semana após o encontro dos restos mortais no bairro Santo Antônio.
Também nas duas situações, os membros estavam envoltos em sacos de lixo e foram localizados pedaços de roupas com tecidos similares. Outra semelhança entre os episódios é que, segundo a perícia, a vítima aparenta ser uma mulher branca e corpulenta, de aproximadamente 50 anos.
Além disso, os tipos de esquartejamento apresentam similaridades. O diretor do DHPP, delegado Mario Souza, explicou que as características são de crime passional.
“A vítima sofreu “cortes limpos”. Isso é um fator característico de crimes passionais. Em outras palavras, difere de atos cometidos por facções, que geralmente usam machados e desmembram os rivais de forma mais grosseira”, pontuou o diretor do DHPP.
Ainda segundo Mario Souza, há um suspeito na mira dos investigadores. Ninguém havia sido preso até o momento desta publicação. “Já temos um nome e um CPF”, resumiu o delegado.
Corpo localizado por funcionário de rodoviária
Nessa segunda-feira, quem encontrou o corpo foi Henrique Zamora Rodrigues, que trabalha há mais de duas décadas na rodoviária da Capital. Ele contou que a mala foi deixada no guarda volumes do estabelecimento por um homem no último dia 20 de agosto e que, desde então, permanecia ali. Ocorre que, após mais de dez dias, o odor putrefato começou a incomodar a equipe e, por isso, o trabalhador resolveu levar a bagagem para a área de descartes.
“Um homem fez o cadastro e deixou a mala no guarda volumes. Supostamente, outra pessoa buscaria essa bagagem, mas isso não ocorreu. Com o passar dos dias, e também devido ao clima mais abafado, o cheiro começou a ficar insuportável. Então, decidimos que o mais adequado seria jogar fora aquele item”, disse o funcionário.
Zamora conta que os fechos da mala estavam com cadeados. Antes de fazer o descarte, porém, ele e um colega decidiram arrebentar as trancas e verificar o conteúdo.
“Arrebentamos os cadeados e vimos que havia sacos de lixo dentro da mala. Começamos a mexer nas sacolas e o odor de algo podre ficou ainda mais forte. E assim percebemos que se tratava de um cadáver. Foi um grande susto. Trabalho há mais de 20 anos na rodoviária e nunca tinha passado por uma situação minimamente parecida. Já encontrei comidas estragadas, animais abatidos, mas nunca havia achado um corpo”, destacou Henrique Zamora.
Fonte: Correio do Povo